Brígida Alves é há vários anos a programadora cultural do Centro das Artes e do Espectáculo (CAE) de Sever do Vouga e em entrevista ao Diário de Aveiro fala da realidade local e de como tem mudado ao longo dos anos. Converter o “não-público” às artes é um dos principais desafios. Ao poder político central pede mais do que “migalhas”
Diário de Aveiro: O CAE esteve vários meses de portas fechadas. Como lidaram com a situação?
Brígida Alves: Em Março de 2020 os elementos da equipa de colaboradores que exercem funções no CAE foram apanhados de surpresa, uma vez que sequer imaginamos que fosse possível encerrar portas por motivos de saúde pública, principalmente devido a uma pandemia. Ficámos forçadamente de quarentena. Contudo, com o evoluir da situação fomos acreditando que, mais cedo ou mais tarde, reabriríamos as portas, o que só veio a aconteceu efectivamente em Setembro. Em Janeiro de 2021 vimo-nos novamente obrigados a encerrar as portas, situação que se traduziu numa enorme tristeza em todos nós, porém com a certeza que contribuíamos desse modo para o bem-estar e saúde de todos, incluindo o público e os elementos da equipa. Esta situação de impermanência foi acompanhada por outras instabilidades, relacionadas mormente com a programação, produção cultural e comunicação. Os cancelamentos, ajustes e reagendamentos foram-se repetindo sempre em articulação com a agenda e disponibilidade dos artistas e das entidades organizadoras que habitualmente utilizam o CAE de Sever do Vouga. Em termos de comunicação, o fechamento das portas rompeu de certa forma com os laços de relacionamento com o nosso público e também passou a ser impossível comunicar-se com o tempo de antecedência habitual, uma vez que nada era certo.
