A violência doméstica, mesmo que não seja exercida directamente sobre as crianças, é uma “fonte de angústia” que pode “pôr em causa as suas funções sociais e psicológicas”. “É um acontecimento traumático. Há crianças que vivem num ambiente de guerra em contexto familiar”, alertou ontem a psicóloga clínica Sara Morais durante uma sessão que serviu para o lançamento do livro “O Monstro que Vive lá em Casa”, da autoria de Mafalda Norte, educadora no Centro Social e Paroquial da Vera Cruz, em Aveiro.
A iniciativa foi promovida pela Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Aveiro, cuja presidente, Beatriz Reis, deu conta de uma “avalanche de sinalizações de violência doméstica” uma vez passado o confinamento. A “oportunidade de fazer queixa” era reduzida por parte da vítima quando compartilhava o mesmo espaço o dia inteiro com o agressor, explicou a responsável, pedindo que a situação não seja “normalizada” até para que as crianças “não repitam os padrões de comportamento quando forem adultos”.