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Covid-19: Regresso às escolas é urgente defende infecciologista do Hospital de São João


Quinta, 25 de Fevereiro de 2021

A infecciologista e coordenadora do internamento covid-19 do Centro Hospitalar Universitário de São João considerou hoje “urgente” o regresso às escolas, defendendo que não se pode "só sacrificar a liberdade e a democracia para transmitir a mensagem” da prevenção. “O prejuízo ultrapassa muito o benefício. As crianças e jovens pagam um preço muito alto”, disse Margarida Tavares, que é uma das subscritoras da carta aberta divulgada esta semana, na qual dezenas de especialistas, de diversas áreas, reivindicam a reabertura das creches e do pré-escolar já em Março, seguido do regresso faseado do 1.º e 2.º ciclos.
Em entrevista à agência Lusa, a infecciologista considerou que “as crianças estão a ser altamente prejudicadas no seu processo educativo, de desenvolvimento, de sociabilização e de cultura”, sendo “urgente” reabrir as escolas a par de medidas que se baseiem “numa forma honesta, aberta e informada de comunicar com as pessoas”. “Não podemos só sacrificar a liberdade e a democracia para transmitir a mensagem. Não pode ser só apostar em medidas restritivas e altamente punitivas. Acredito muito nas pessoas. Acho que os portugueses se têm comportado de uma forma absolutamente exemplar. Coisas marginais existem sempre e vão existir sempre. Mas a generalidade das pessoas cumpriu extraordinariamente bem tudo aquilo que nós pedimos”, analisou.
Critica da difusão de mensagens que “confundem as pessoas” e preocupada com o efeito das “informações contraditórias”, Margarida Tavares diz ter “a sensação de que os meios de comunicação [social] tornaram as opiniões todas iguais e a valer todas o mesmo, quando não valem”.
“No início [da pandemia] houve uma maior consonância de informação e mensagem. De há tempos para cá tornou-se uma cacofonia absolutamente confusa e, além disso, as pessoas estão cansadas e desesperadas. Quem tem poder da mensagem tem que ter a noção desse poder e utilizá-lo de forma correta”, referiu, em jeito de recado quer para quem lidera o país, quer para os órgãos de comunicação social.
Responsável pela elaboração do Plano de Contingência para a covid-19 de um centro hospitalar que hoje regista 45 doentes internados com o novo coronavírus, 32 dos quais em unidades de cuidados intensivos, Margarida Tavares refere que se vive um período de redução do número de casos “até inesperadamente muito acelerado”, mas “é preciso ter noção que [os números] vão voltar a aumentar e isso não é um erro que alguém cometeu, é natural”.


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