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Entrevista a Ulisses Pereira: Actividade desportiva com “quebras assustadoras”


Quarta, 17 de Fevereiro de 2021

O aveirense Ulisses Pereira pertence à Comissão Executiva do Comité Olím­pico de Portugal e está preocupado com a realidade actual do desporto no país. O sector é vítima de um “profundo esquecimento” da parte do Governo, acusa. O antigo presidente da Federação de Andebol avisa que mais de cinco centenas de associações desportivas já terão encerrado em consequência da pandemia e fala também da debandada de atletas, em especial nas modalidades de pavilhão.

Diário de Aveiro: Integra a Comissão Executiva do Co­mi­té Olímpico de Portugal. Acredita que os Jogos Olímpicos se vão realizar em 2021?
Ulisses Pereira: Sim, estamos absolutamente convencidos que teremos Jogos Olímpicos. O comité organizador japonês e o Comité Olímpico Interna­cio­nal deram essa garantia. Na semana passada passámos a outra fase, que foi a da informa­ção a atletas, federações internacionais e comités nacionais da forma como irão decorrer, em termos de organização, face às condições da pandemia. Por isso estamos convencidos que já não haverá recuo. Sem ou com público reduzido será uma questão em aberto.
Que objectivos serão traçados para a participação portuguesa?
Há objectivos definidos no contrato-programa celebrado com o Estado que apontam, face aos resultados de todos os atletas envolvidos, para duas medalhas e outros resultados relevantes até aos 16 primeiros. Os resultados dos atletas apura­dos, quer em campeonatos do mun­do quer da Europa, permitem pensar que assim pode ser, mas o momento da competição é determinante, principalmente face ao quadro atípico que enfrentamos.

O desporto tem sofrido com a pandemia, tal como todas as actividades. Que repercussões está a ter e terá no sector?
São fortíssimas, em especial na área da formação, que está praticamente paralisada desde Mar­ço, com particular incidência nas modalidades de pavilhão, em que o número de atletas federados teve uma queda brutal, em muitos casos superior a 60 por cento. Aliás, os indicadores da actividade desportiva caíram mais de 50 por cen­to. Para um país que já tinha um baixo índice de actividade desportiva, dos mais baixos na Europa, estas quebras assustadoras põem em causa a sustentabilidade do movimento associativo.

A acção política em relação ao desporto tem sido a mais adequada?
Claramente que não. Nenhu­ma medida concreta foi destinada ao sector, ao contrário do que sucedeu com muitas outras actividades. Isto num quadro internacional em que a União Europeia apelou para que o desporto não fosse esquecido pelos governos. Em Portugal na­da: um profundo esquecimen­to, a diminuição do Orçamento do Estado para o desporto, a inexistência de qualquer medida concreta que ajude a proteger a sustentabilidade do movimento associativo de base… Acresce que o financiamento público não tem acompanhado o crescimento das despesas das federações e que as prioridades da presidência portuguesa para o sector são de uma pobreza franciscana.

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