“Em busca de Umberto Eco” foi o trabalho vencedor da última edição do Prémio de Jornalismo Adriano Lucas. O escritor Pedro Miguel Gon, de 49 anos, recebeu, ontem, no salão nobre da Câmara de Coimbra, o prémio, depois de ter sido escolhido por unanimidade pelo júri.
Criado pela Câmara de Coimbra em parceria com o Diário de Coimbra e a Universidade de Coimbra, o Prémio de Jornalismo Adriano Lucas pretende incentivar e promover os trabalhos na área do jornalismo, privilegiando o género reportagem, que tenham como propósito, preferencialmente, a divulgação de temas relacionados com Coimbra e a Região das Beiras.
“A razão profunda que me levou a escrever este texto é a memória”, explicou, ontem, Pedro Miguel Gon, sublinhando que “um momento de reflexão bastará para se perceber que por trás da busca da passagem de Umberto Eco por Coimbra está o tema da memória”.
De forma a contrariar a impressão que possa surgir de que é um aficionado do trabalho de Umberto Eco, Pedro Miguel Gon revelou tratar-se do “contrário”, assumindo-se, isso sim, como “um apaixonado por Coimbra”. “Peguei neste detalhe, a passagem de um grande das letras mundiais por Coimbra, para dar um exemplo do que falta na autoconsciência da cidade, na história desta cidade”, frisou.
“Eu interessei-me por Umberto Eco, mas são muitas outras as figuras que podem enriquecer a história mediática da cidade, e da própria universidade, conseguindo-se através dessas figuras um eco de universalidade tão importante neste mundo globalizado em que vivemos, cada vez mais acessível através das redes sociais”, reforçou Pedro Miguel Gon.
Segundo o vencedor do Prémio de Jornalismo Adriano Lucas, “Coimbra só tem a ganhar sabendo associar-se a quem a procurou, sabendo divulgar quais os notáveis que se deram ao trabalho de vir aqui e deslumbrar-se com a cidade”.
“Faria muito bem à memória activa desta cidade, à sua auto-estima, ao robustecimento do seu valor patrimonial imaterial, recordar-se desses notáveis que quiseram estar em Coimbra numa determinada circunstância e que mutuamente se respeitaram. Só falta tornar evidente esta relação”, assinalou Pedro Miguel Gon.
Carina Gomes realçou o facto de “aparecerem, todos os anos, temas diferentes, que nos alertam para diferentes aspectos da vida quotidiana desta cidade”. Segundo a vereadora da Cultura da Câmara de Coimbra, o tema “Em busca de Umberto Eco” acabou por revelar-se “surpreendente”, uma vez que, acrescentou, “seria de esperar que fosse um tema amplamente conhecido”. Afinal, prosseguiu, “estamos a falar da passagem de um dos grandes nomes da literatura por Coimbra”.
Vice-reitor da Universidade de Coimbra, Delfim Leão considerou a reportagem vencedora como “muito interessante”, sublinhando, de pronto, que fica associada à “dimensão da investigação” do jornalismo. “Isto foi nos anos 80, onde, se calhar, esta premência do mediatismo e do registo não era tão forte, mas olhando para trás, efectivamente, percebemos o que perdemos ao não estar atentos a este tipo de necessidades de preservar a memória de um lugar e de a alimentar”, reforçou.
João Luís Campos sublinhou que o Diário de Coimbra se associou, “de imediato”, ao Prémio de Jornalismo Adriano Lucas “para ter histórias como esta”. “São trabalhos muito diferentes, que chamam a atenção para situações que nos despertam a memória, que, no Diário de Coimbra, procuramos preservar”, garantiu o director-adjunto do Diário de Coimbra.
De referir que o prémio é entregue a 14 de Dezembro, data do nascimento de Adriano Lucas. Homem de causas, foi um defensor intransigente do jornalismo, lutando incessantemente pela liberdade de imprensa. Liderou o Diário de Coimbra durante cerca de 60 anos e fundou o Diário de Aveiro, Diário de Leiria e Diário de Viseu, bem como a FIG - Indústrias Gráficas.