Diário de Aveiro: Como foi ter de “adiar” o projecto do Festival dos Canais inicialmente pensado para este ano, numa lógica de continuidade e até de crescimento e afirmação, e ter que apostar num formato muito mais reduzido e cheio de condicionantes?
José Pina: Quando surgiu o problema da COVID-19, em concreto o confinamento, as dúvidas acerca da realização do Festival dos Canais 2020, assim como de toda uma programação cultural municipal planeada e já fechada, foram muitas. Estávamos perante uma nova realidade nunca antes vivenciada. Não existiam referências nem práticas testadas. O contexto de então era demasiado marcado pela angústia e receio acerca do futuro e do impacto da pandemia no sector cultural a nível local e nacional. Os adiamentos, os cancelamentos (felizmente poucos), as dúvidas de uma nova realidade, um futuro incerto que se perspectivava, condicionavam a nossa acção imediata e futura e tomaram conta do nosso quotidiano. Foi um sentimento misto de incerteza e, simultaneamente, de esperança. A esperança centrava-se na possibilidade de podermos voltar à nossa actividade, ao trabalho presencial e ao terreno, a conviver com os nossos colegas de trabalho, com o nosso público, com a comunidade artística, etc.
A incerteza estava relacionada com a evolução da pandemia e quando da chegada do “day after”.
