Se, em Espanha, o arquitecto catalão Antoni Gaudí (1852-1926) é considerado uma referência na área da arquitectura depois de ter projectado a basílica da Sagrada Família, em Portugal o expoente da Arte Nova é o arquitecto Francisco Augusto da Silva Rocha (1864-1957). A originalidade e qualidade da sua obra neste estilo arquitectónico do final do século XIX/início do século XX, caracterizada por portões,
varandas e escadarias trabalhados minuciosamente, fizeram com que Silva Rocha fosse conhecido por “Gaudí português”. Nascido na Mealhada, mas tendo escolhido a cidade de Aveiro para viver, “Silva Rocha foi figura ímpar da cultura do início do século XX em Portugal e arquitecto autor do centro histórico Arte Nova de Aveiro e expoente nacional desse estilo”, como descreve a sua bisneta Maria João Fernandes. Dos vários edifícios (ainda hoje emblemáticos) que projectou, destacam-se, entre outros, o da antiga capitania (actualmente sede da Assembleia Municipal de Aveiro) e o actual Museu de Arte Nova.
Para prestar a devida homenagem, Maria João Fernandes apresentou, no passado dia 25 de Abril, ao presidente da Assembleia da República, um abaixo-assinado que acompanha uma petição nacional que defende a “dignificação da memória de Silva Rocha”. Na petição, a bisneta propõe que “seja atribuído o nome de Francisco Augusto da Silva Rocha ao Museu de Arte Nova de Aveiro, de que é autor, sua obra-prima e ‘ex-líbris’ da arquitectura Arte Nova portuguesa e europeia”.
Por outro lado, e continuando a luta que tem vindo a travar há já vários anos, Maria João Fernandes defende que os restos mortais de Silva Rocha e da sua família “regressem ao jazigo de família de João Pedro Soares, de onde foram retirados a 20 de Março de 2015 por iniciativa da Junta da União das Freguesia de Glória e Vera Cruz, para serem colocados numa única sepultura de terra”. Ainda neste âmbito, com esta petição pede-se que o jazigo de família seja “classificado como património de interesse público”.
Escultura pública colocada no Rossio
E porque o arquitecto Silva Rocha é considerado, como classifica a sua bisneta, “figura maior da cultura moderna em Aveiro e exponente nacional e internacional” da arquitectura Arte Nova, e atendendo que a cidade de Aveiro, “por causa da sua obra incomparável”, é considerada a capital da Arte Nova portuguesa – sendo, aliás, uma das candidatas a Capital Europeia da Cultura em 2027 –, na petição, Maria João Fernandes salienta que outra forma de dignificação do seu nome e obra seria a colocação de uma escultura pública no Rossio, em frente ao Museu de Arte Nova de Aveiro, ao qual – reforçou – deveria ser atribuído o seu nome, tal como “já foi subscrita pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e por um conjunto das maiores personalidades do nosso país” num total de 41 pessoas. Para além de nomes como o arquitecto Siza Vieira ou o escritor Eduardo Lourenço, também deram o seu testemunho e assinaram esta petição Guilherme d’Oliveira Martins (administrador da Fundação Calouste Gulbenkian), João Paulo Queiroz (presidente da Sociedade Nacional de Belas Artes de Lisboa), Maria Marques Calado de Albuquerque Gomes (presidente do Centro Nacional de Cultura), o arquitecto Ricardo Carvalho (presidente interino da Secção Portuguesa da AICA - Associação Internacional de Críticos de Arte), entre outros artistas plásticos, pintores e responsáveis de organismos públicos ligados à área das artes, arquitectura e ensino.