Jornal defensor da valorização de Aveiro e da Região das Beiras
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Petição nacional lançada para homenagear “Gaudí português”


Segunda, 25 de Maio de 2020


Se, em Espanha, o arquitecto ca­talão Antoni Gaudí (1852-1926) é considerado uma referência na área da arquitectura de­pois de ter projectado a basílica da Sagrada Família, em Portugal o expoente da Arte No­va é o arquitecto Francisco Augusto da Silva Rocha (1864-1957). A originalidade e qualidade da sua obra neste estilo arquitectónico do final do século XIX/início do século XX, caracterizada por portões,
varandas e escadarias trabalhados minuciosamente, fizeram com que Silva Rocha fosse conhecido por “Gaudí português”. Nascido na Mealhada, mas ten­do escolhido a cidade de Aveiro para viver, “Silva Rocha foi figura ímpar da cultura do início do século XX em Portugal e arquitecto autor do centro histórico Arte Nova de Aveiro e expoente nacional desse estilo”, como descreve a sua bisneta Maria João Fernandes. Dos vários edifícios (ainda hoje emblemáticos) que projectou, destacam-se, entre outros, o da antiga capitania (actualmente se­de da Assembleia Municipal de Aveiro) e o actual Museu de Arte Nova.

Para prestar a devida homenagem, Maria João Fernandes apresentou, no passado dia 25 de Abril, ao presidente da As­sem­bleia da República, um a­baixo-assinado que acompanha uma petição nacional que defende a “dignificação da memória de Silva Rocha”. Na petição, a bisneta propõe que “seja atribuído o nome de Francisco Augusto da Silva Rocha ao Museu de Arte Nova de Aveiro, de que é autor, sua obra-prima e ‘ex-líbris’ da arquitectura Arte Nova portuguesa e europeia”.

Por outro lado, e continuando a luta que tem vindo a travar há já vários anos, Maria João Fernandes defende que os restos mortais de Silva Rocha e da sua família “regressem ao jazigo de família de João Pedro Soares, de onde foram retirados a 20 de Março de 2015 por iniciativa da Junta da União das Freguesia de Glória e Vera Cruz, para serem colocados numa única sepultura de terra”. Ainda neste âmbito, com esta petição pede-se que o jazigo de família seja “classificado como património de interesse público”.



Escultura pública colocada no Rossio

E porque o arquitecto Silva Ro­cha é considerado, como classifica a sua bisneta, “figura maior da cultura moderna em Aveiro e exponente nacional e internacional” da arquitectura Arte Nova, e atendendo que a cidade de Aveiro, “por causa da sua obra incomparável”, é considerada a capital da Arte Nova portuguesa – sendo, aliás, uma das candidatas a Capital Europeia da Cultura em 2027 –, na petição, Maria João Fernandes salienta que outra forma de dignificação do seu nome e obra seria a colocação de uma escul­tura pública no Rossio, em fren­te ao Museu de Arte Nova de Avei­r­o, ao qual – reforçou – deveria ser atribuído o seu nome, tal como “já foi subscrita pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e por um conjunto das maiores personalidades do nosso país” num total de 41 pessoas. Para além de nomes como o arqui­tec­to Siza Vieira ou o escritor Eduardo Lourenço, também deram o seu testemunho e assinaram esta petição Gui­lher­me d’Oliveira Martins (administrador da Fundação Ca­lous­te Gulbenkian), João Paulo Quei­roz (presidente da Socie­da­de Nacional de Belas Artes de Lisboa), Maria Marques Calado de Albuquerque Gomes (presidente do Centro Nacional de Cultura), o arquitecto Ricar­do Carvalho (presidente interi­no da Secção Portuguesa da AICA - Associação Internacional de Críticos de Arte), entre ou­tros artistas plásticos, pintores e responsáveis de organismos públicos ligados à área das artes, arquitectura e ensino.

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