Foi com o coração apertado que Susana foi deixar o Mateus na creche, na manhã de segunda-feira, dia em que a tentativa de regresso à normalidade imperou perante o medo da pandemia de Covid-19. Depois de dois meses passados em casa, de convívio permanente, nem a mãe nem o filho estavam preparados para o que iria acontecer.
Do outro lado da porta estava à espera a educadora de infância devidamente equipada: máscara, luvas e bata. Apenas os olhos estavam reconhecíveis, o que foi manifestamente pouco para o pequeno Mateus, que já mostrava sinais de alguma apreensão. Depois da troca de palavras de circunstância e da recordatória dos procedimentos a adoptar por causa da pandemia, chegou o momento de entregar o filho de dois anos nos braços da educadora. Seguiram-se momentos de angústia, com mãe e filho a trocaram lágrimas. O filho chorou com a força de uma trovoada, a mãe tentava engolir o sofrimento num soluço incontido. Afinal, nenhum dos dois estava preparado para o regresso à normalidade.
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