Jornal defensor da valorização de Aveiro e da Região das Beiras
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Adriano Lucas (1925-2011)
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Adriano Callé Lucas

Restaurantes reabrem e cumprem regras... só falta mesmo a clientela


Terça, 19 de Maio de 2020

Desinfectantes à porta. Mesas afastadas e lotação reduzida a metade. Empregados de mesa com máscara e prontos a desinfectar todos os objectos, tantas vezes quantas forem necessárias.
Não foi a dificuldade em cumprir as exigências das autoridades de saúde que preocupou os responsáveis dos restaurantes da cidade, no dia em que puderam abrir portas das suas salas. O que faltou foram mesmo... os clientes.
«Não tivemos qualquer dificuldade em cumprir as exigências da DGS porque... quase não tivemos clientes», desabafa Luís Matias, responsável pelo restaurante Taberna do Aires, no Loreto. Habituado a servir 130 a 140 almoços diários, ontem chegou às 20 refeições e, apesar de não estar à espera da enchente de outros tempos, não escondeu a preocupação com um negócio de tantos anos que... corre o risco de terminar se a clientela não voltar.
Luís Matias sabe que «há ainda muitas empresas em lay-off e funcionários a trabalhar em casa» e que isso não ajuda, mas confessa que ver com tão pouca clientela, uma sala onde já serviu tanta gente, o faz esmorecer um pouco e pensar que «se a situação se mantiver assim por muito tempo, a solução será fechar», colocando em causa o posto de trabalho de cinco funcionários.
Defendendo «união no sector» para reivindicar do Governo «os apoios que são necessários à sobrevivência da restauração», o empresário tem esperança que «com o tempo» a clientela possa voltar. Foi para os servir que criou «todas as condições» para que se sintam seguros.
É também com esperança que «melhores dias virão» e que os clientes vão voltar que Jorge Matos reabriu ontem o seu “O Garfinho à Portuguesa”, na Avenida Fernão de Magalhães. Depois de 15 dias de estreia no take away, numa experiência «que até correu bem», o empresário reabriu ontem a sala para um número «muito reduzido de clientes».
«As expectativas não eram muito grandes», confessa Jorge Matos, compreendendo «o receio» dos clientes, mesmos os habituais, em regressar. «Temos de encarar isto como uma nova etapa. É compreensível que as pessoas tenham medo», continua, justificando, assim, a decisão de manter (e até alargar para o jantar) o take away.
Assim, responde a todos: «aos que foram manifestando muita vontade de regressar e aos que preferem vir cá e levar para casa», continua o empresário, que fez questão de manter os nove funcionários, mesmo durante o período em que o restaurante esteve encerrado, e assim espera continuar.
«Tenho esperança que as coisas, com o tempo, vão melhorando», confessa ao Diário de Coimbra, cheio de vontade de voltar a ter “casa cheia” como há dois meses atrás, num tempo em que servia mais de 100 almoços por dia. «Agora, com o take away, chegamos aos 30 ou 35»...
Também José da Luísa reabriu ontem o seu restaurante “Da Luísa” no Bairro do Loreto. O almoço da reabertura também foi «muito fraquinho», mas o empresário - ligado à restauração desde criança - confessa que não esperava muito mais, após tantos dias de encerramento.
«Há 15 dias que apostamos no take away e tem corrido mais ou menos. Estamos a 30% do habitual», confessa José da Luísa que, antes do início da pandemia, servia uma média de 90 almoços por dia. Agora, com take away e entregas «fazemos, em média, 30», continua, confessando que ontem, dia da reabertura da sala (com 22 dos 44 lugares habituais) «foi o dia mais fraco... não passámos as 20».
Para já, ainda não é tempo de baixar os braço e acreditar que a clientela recuperará o hábito e regressará, mantendo a confiança no serviço e que as normais de segurança serão cumpridas... assim «as pessoas tenham poder de compra que voltar», sublinha José da Luísa, consciente do impacto que esta pandemia (também) tem no bolso dos clientes.
 É tempo de esperar que seja retomada a normalidade possível, que as pessoas ganhem confiança nos lugares de restauração, mas que também tenham algum poder de compra, que perderam nos últimos dois meses e que percebam, como sublinha José da Luísa.


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