Jornal defensor da valorização de Aveiro e da Região das Beiras
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Misto de emoções no regresso às aulas


Domingo, 17 de Maio de 2020

Rute Melo

Marcado, todos os anos, para Setembro o regresso às aulas é sempre um momento marcante para alunos, professores, docentes, não docentes e pais. Este ano, por força da pandemia do covid-19, o regresso às aulas volta a acontecer amanhã. Não para todos os alunos e com receios e anseios diferentes daqueles que por norma surgem após o Verão.
Professores e funcionários preparam o regresso às aulas dos alunos dos 11.º e 12.º anos e há muitas regras a seguir, nomeadamente a organização dos alunos por grupos, que circulam em espaços independentes, e que as aulas sejam agrupadas num período do dia.
Por mais que se diga que “tudo vai ficar bem” e que “tudo vai correr bem” agora há dúvidas e medos novos. Lídia Pereira é mãe de Miguel Santana, aluno do 11.º da Escola Secundária José Falcão. Já sabe que o filho vai ter aulas nas manhãs de quarta, quinta e sextas-feiras e que entrará sempre às 9h30 e que as aulas terminam às 13h20. «Ninguém sabe muito bem como é em termos de segurança a questão da saúde e tenho receio de não correr tão bem como planeado, mas o Miguel vai regressar à escola», afirmou a encarregada de educação ao Diário de Coimbra.
Sabendo que a escola não terá qualquer espaço comunitário e que os alunos de 11.º não se cruzam comos do 12.º ano, Lídia Pereira considerou que os alunos não deviam ter aulas às quatro disciplinas mas sim apenas «às duas a que fazem exames».
Uma vez que as aulas síncronas «correram muito bem», estas podiam continuar até ao final do ano. «Porém reconheço que temos de começar a vida normal», concluiu.

Muitas horas ocupadas
É para a Escola Secundária Infanta D. Maria que uma encarregada de educação vai ver amanhã, da parte da tarde, o filho sair para as aulas. Frequenta o 11.º ano e vai, como Miguel Santana, ter aulas a quatro disciplinas. E aqui a crítica é a mesma: «se apenas tem exame a duas podia ter apenas essas duas aulas. Tem muitas horas ocupadas, uma vez que de manhã se vão manter as sessões síncronas».
Nos últimos tempos nas aulas síncronas «correu tudo sempre bem», mas a mãe defendeu que «não é igual às aulas presenciais e os alunos terão de regressar».
Em casa vai continuar a filha mais nova, que frequenta o 8.º ano na mesma escola e que já se habituou a esta nova rotina. «No geral está tudo a correr bem, apesar de haver algum excesso de trabalho», nesta nova forma de leccionar e de aprender que foi novidade para todos.
Amanhã a mãe já sabe que o filho terá de usar máscara e desinfectar as mãos com regularidade. Até porque, não há volta a dar: «tenho receio mas também tenho confiança no meu filho e nos colegas e não podemos ficar enclausurados a vida toda».
Ana tem uma filha que é aluna do 12.º ano na mesma escola. Teme o vírus. «Sem qualquer dúvida», afirmou. Porém como reconheceu, «a vida tem de continuar e o medo tem de ser afastado». As aulas em casa, por agora, chegaram ao fim e amanhã há uma nova etapa «a ser trilhada».

Incerteza nos efeitos
Os alunos do colégio S. Teotónio também já estão em contagem decrescente para o regresso. Diogo Alcobia, 12 anos, vai continuar a ter as aulas pelo computador. Algo que, como nos afirmou, tem gostado. «Prefiro estar em casa e ter as aulas no computador, mas acho que se aprende menos». Mas a vantagem de «não ter de acordar cedo nem de enfrentar o trânsito», agradam ao aluno do 6.º ano de escolaridade.
Com três filhos em idade escolar, Maria João Alcobia destacou o trabalho desenvolvido pelos docentes durante os últimos tempos. «Os professores foram exímios no acompanhamento e dedicação e estão sempre disponíveis para os alunos». Se os dois mais novos ficam em casa até ao final do ano lectivo, o filho mais velho vai regressar aos banco do colégio para os últimos dias de aulas no secundário. Como mãe está, naturalmente, «receosa» com este regresso. «Sei que colégio está a fazer tudo de acordo com as normas e para que todos estejam protegidos, mas o meu receio é na incerteza dos efeitos secundários que possam advir de uma infecção por covid-19».


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