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Entregadores de comida “lutam” contra a pandemia


Domingo, 17 de Maio de 2020

André Freixo

Andam pela cidade, normalmente de mota. Expõem-se no contacto com dezenas de pessoas diferentes a cada dia ou turno. Ficam à entrada das casas dos clientes. Os entregadores de comida em casa ou estafetas de vários restaurantes e empresas que levem refeições ao domicílio também, como muitos outros trabalhadores, estão em exposição constante à Covid-19 em tempos nos quais a procura por estes serviços não diminuiu.
Gustavo Rocha e Paulo Silva são dois desses exemplos num universo que é grande a esse nível pela cidade. O primeiro é brasileiro de 37 anos trabalha para a Uber Eats e o segundo é português, tem 29 “primaveras”, e faz entregas pela Telepizza. Ambos trabalham de máscara, luvas e tentam manter o distanciamento social possível, possível porque nem sempre fazer entregas e ter todos os cuidados é algo que pode acontecer.
Paulo Silva já visitou milhares de habitações diferentes pela cidade e arredores de Coimbra. É estafeta da Telepizza há oito anos e está consciente dos tempos diferentes e especiais em que vivemos. A empresa fornece máscara, luvas, álcool desinfectante e aconselha ao entregador que mantenha sempre a distância de segurança nas entregas. Umas vezes é possível, outras nem tanto, mas Paulo sente-se seguro: «A partir do momento em que nos protegemos e nos são dadas condições para tal, julgo que a possibilidade de contágio é muito menor. Sinceramente, nunca senti grande perigo ou medo apesar de saber que estou exposto».
Esta exposição faz com que o homem de 29 anos saiba do «alto risco que corre» mas que se considere, estando a exercer o seu “ganha pão”, parte «do combate ao vírus» pois, como reforçou, «acabamos com as nossas entregas por fazer famílias mais felizes».
Quanto à procura, Paulo, como anda no “terreno”, sente que está «decaiu no início da pandemia e diminuiu devido à ausência dos estudantes na cidade». Todavia, mais recentemente, o número de serviços tem aumentado: «Nas últimas semanas estamos a ter mais trabalho e a ter uma recuperação gradual», apontou.

Uber Eats envia “kits”
e recomendações diárias
Gustavo Rocha nasceu no estado do Ceará, no Brasil, e veio para Portugal em Outubro. Desde Fevereiro que é estafeta da Uber Eats. Com uma média de 15 a 20 entregas diárias, muitas são as casas e pessoas com as quais Gustavo se cruza diariamente. «Não tem sido um período fácil porque estamos algo limitados devido à fase actual. Não existiu um aumento no trabalho mas há mais entregadores agora do que existia antes da pandemia», contou o brasileiro.
Quanto à segurança, Gustavo referiu que a Uber Eats envia semanalmente um “kit” para os seus colaboradores com máscaras, luvas, álcool em gel e desinfectante. Além disto, o estafeta informou que todos os dias a empresa envia um documento a reforçar os cuidados que devem ser tidos pelos trabalhadores neste tipo de abordagem que é tão directa e pessoal.
Contudo, este facto não faz com que Gustavo não se sinta ameaçado na sua saúde: «Não tive nenhuma situação de perigo mas a verdade é que, de uma forma ou de outra, acabamos sempre por ter algum receio e medo porque é impossível evitar algum contacto com as pessoas a quem vamos entregar a comida. Temos medo por nós e, claro, de infectar alguém como pessoas idosas e grupos de risco», referiu.


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