Depois de vários meses encerradas, as creches voltam a abrir esta segunda-feira, mas com novas medidas que terão de ser implementadas nos espaços, anunciadas pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) de forma a prevenir um possível contágio por covid-19 entre as crianças.
Na Santa Casa da Misericórdia de Viseu os últimos dias têm-se destinado a acertar os pormenores desta reabertura que será feita com as normas anunciadas pela DGS, que prevêem, entre outros requisitos, menos crianças por sala, cada funcionário deve corresponder a apenas um grupo e este a uma sala fixa, sempre que possível os materiais não devem ser partilhados, os brinquedos devem ser lavados duas a três vezes por dia, o calçado deve ser deixado à entrada na sala e terá de ser mantido um distanciamento físico de 1,5 ou 2 metros entre as crianças quando estas estão em mesas, berços e/ou espreguiçadeiras.
De acordo com Adelino Costa, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Viseu, a instituição “auscultou os pais” que têm a necessidade de deixar os seus filhos nestes espaços, nomeadamente por questões laborais e por isso “a reabertura é essencial”.
“É evidente que são pais e partimos do princípio que precisam de ter os seus filhos na creche para conseguirem trabalhar. Era uma obrigação da nossa parte voltar a abrir mesmo sabendo as dificuldades e os cuidados que vamos ter de ter”, afirma.
Contudo, esta segunda-feira apenas vão retomar algumas crianças. Vão regressar 20 do total de 121 crianças inscritas na Creche e Berçário São Teotónio, e 17 do total de 33 crianças inscritas na Creche e Jardim de Infância Nossa Senhor de Fátima.
Normas vão ser cumpridas
Para garantir a segurança das crianças vão ser adoptadas as normas estipuladas pela DGS. “Sabemos que não é fácil, não há soluções mágicas nem risco zero. Esta semana foi toda ela de reuniões e estamos a fazer de tudo para que não haja problemas e se minimizem os riscos, mas também temos a consciência que, apesar das circunstâncias, vamos cumprir todas as regras, isso é fundamental”, afirma.
Quanto ao dito inicialmente pela DGS, que defendeu a distância entre as crianças enquanto brincam, Adelino Costa mostra-se aliviado com este recuo na decisão porque acredita que seria uma medida muito difícil de cumprir.
“A DGS deixou cair aquela [medida] que para nós era impossível, a de separar os meninos nos tais dois metros. Os pais querem os meninos nas creches para socializarem, para brincarem, e não vamos impedir isso, pelo contrário, vamos é ter os cuidados possíveis, nomeadamente com o nosso pessoal”, explica.
Os trabalhadores destes espaços têm exercido a sua actividade noutras valências da instituição e até à data “correu tudo bem”, tendo sido já testados com resultado negativo para a covid-19. Contudo, os que vão agora iniciar funções, esta segunda-feira, vão novamente fazer os testes.
O provedor diz ainda que a instituição está preparada para a reabertura total, sendo que prevê receber mais crianças a partir do início do próximo mês.
“Nós pensamos que estamos preparados. As instalações têm espaço e os pais não reagem todos da mesma maneira. Há pais que continuam muito receosos, portanto, é natural que nem todos queiram já trazer os meninos no dia 1 de Junho, mas nós vamos ter condições. Felizmente, os nossos espaços são amplos e vamos ter de conseguir responder”, explica.
Até lá, Adelino Costa encara estes primeiros dias como uma forma de as creches se começarem a adaptar a esta nova realidade e se prepararem para receber mais crianças. “No fundo também é uma maneira de nos ambientarmos de uma forma mais cautelosa”, salienta.
Nesta primeira fase, os trabalhadores não vão entrar já todos ao serviço, sendo que prevê-se a entrada dos restantes no dia 1 do próximo mês.
Mensalidades
Questionado sobre a polémica que existiu sobre alguns espaços não aceitarem crianças cujos pais tivessem as mensalidades por pagar, Adelino Costa relembra que apesar desta decisão ter sido tomada pela Associação de Creches e Pequenos Estabelecimentos de Ensino Particular, também “as misericórdias e as IPSS não podem viver se não tiverem receita”.
“Da nossa parte vamos sempre chegar a um acordo com os pais. Mantivemos os trabalhadores connosco, uns ficaram em casa, outros deslocámos para outras valências e, durante este tempo, tiveram sempre custos para a instituição. Não era razoável também não cobrar alguma coisa”, explica. “A maioria das nossas mensalidades não são muito altas, pelo contrário, mas mesmo assim sabemos que criam problemas a famílias com poucos rendimentos. Houve gente que não concordou, mas não é por isso que os meninos não vão ser recebidos. Vamos ver com os familiares a melhor maneira de resolver essa tal impossibilidade. Estamos a falar de mensalidades abaixo dos 50 euros, mas que de alguma maneira vamos encontrar sempre uma solução e todas as crianças serão aceites”, conclui.