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Município exige vontade política e não paliativos para salvar sector do vinho


Quinta, 14 de Maio de 2020

O Município de São João da Pesqueira emitiu ontem uma posição pública sobre a actual situações no sector vitivinícola do Douro, assinada pelo presidente da câmara, Manuel Cordeiro, e pelos vereadores José Luís Rodrigues e Jorge Andrade.
“A situação actual e que se avizinha é de enorme gravidade e necessita de medidas estuda-das, é certo, complexas, múltiplas, mas que façam a diferen-ça, e não meros paliativos, co-mo o simplista instrumento do crédito, com agravamento do endividamento, apenas ganhando tempo, com períodos de carência, juros e prazos”, consideram os signatários, que exortam a uma “unida e muito significativa” movimentação da região.  “Enquanto não interiorizarmos isso, enquanto região, não teremos força reivindicativa eficaz”, reiteram.
Considerando que a Região Demarcada do Douro não é menos importante que a TAP ou a RTP, os autarcas referem que a região produz cerca de 300.000 pipas em anos normais, sendo 1/3 destinado ao vinho generoso ou vinho do Porto, e questionam que destino dar aos “excedentes”?
“Neste momento a crise, na sua verdadeira dimensão, ainda é eventualmente manipulável ou discutível nas estatísticas (IVDP), mas o problema estará na vindima e pós-vindima (produto considerado não essencial). Que interesse na compra, que quantidades, que preços? Que modos de pagamento? Como armazenar com os previsíveis excedentes? Que rendimentos permitirão fazer face aos grangeios da próxima campanha? Que quantitativos de benefício? Bloqueio de parte desse benefício, dizem alguns? Em que moldes?”, perguntam.
A posição pública aponta vários caminhos, como reservar parte do excedente para destilação (aguardente vínica, álcool). “ Com a garantia de preços mínimos subsidiados, permitiria atenuar prejuízos, baixar as quantidades disponíveis, com reflexo nos preços, mas o Estado e a U.E.  terão sempre que abrir os cordões à bolsa subsidiando a destilação”.
No documento, sublinha-se a necessidade de instrumentos fiscais e sociais de apoio, nomeadamente a aplicação das taxas da lavoura “(10 milhões acumulados) que se pagavam ao IVDP, verbas destinadas à promoção dos vinhos do Dou-ro que perversamente revertem hoje para o Orçamento de Estado, e têm mais configuração  de imposto do que propriamente taxa”.
Os signatários afirmam que “este é o momento de exigir que esses valores sejam aplicados para fazer frente a este quadro muito problemático, porque pertencem ao Douro, de utilizar essa “receita” para contribuir para o combate à crise que se avizinha, porque se não houver vontade política, enquanto o foco não for este, não vale a pena perder tempo com meros paliativos enganosos e suicidários”.
Aludindo à desertificação e ao desinvestimento no interior por parte do Governo, o documento recorda a questão da Casa do Douro, “um pilar importante na região que foi desmantelada pelo poder político da altura, com enorme ignorância e irresponsabilidade, mas também com o silêncio quase generalizado do poder. Uma região inteira não foi capaz de a preservar, num sinal de divisão e de derrotismo inexplicáveis”.


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