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Do “confiar nas instituições” à “possibilidade de o deixar em casa”


Terça, 12 de Maio de 2020

João Paulo Henriques

A reabertura de creches na próxima segunda-feira não gera consenso entre pais e encarregados de educação, assim como entre profissionais de educação de infância. Todos utilizam a palavra «preocupação» por diversas vezes quando chamados a comentar o tema, mas nem todos vão tomar a mesma decisão no dia 18 deste mês.
A Direcção-Geral da Saúde (DGS) já fez um conjunto de recomendações para a reabertura de creches, com a Associação de Profissionais de Educação de Infância a contestar o documento, manifestando-
-se disponível para colaborar com o Governo e outras entidades com responsabilidade nas respostas às crianças com menos de três anos para «encontrar as melhores soluções».
Pai de um menino com dois anos e 10 meses, Paulo Martins garantiu que o filho, que frequenta a Creche e Jardim-de-Infância de S. Miguel, em Eiras, «vai regressar à creche no dia 18». «Acho que os miúdos precisam do convívio e nós, pais, precisamos confiar nas instituições», justificou, antes mesmo de acrescentar que esta é uma visão «essencial para podermos “voltar a viver” e não meramente tentar sobreviver».
«Temos a possibilidade de o deixar em casa, com uma terceira pessoa, até Setembro e é essa opção que vamos tomar», revelou Hugo Santos, dando conta que o filho, que completa três anos em Junho deste ano, frequenta a creche da Sé Velha. «Se tivesse de voltar à creche, teríamos medo. Para quem tem de tomar essa decisão, é muito difícil», afirmou.
Na opinião de Hugo Santos, as recomendações da DGS para a reabertura de creches vão ser de «difícil concretização», uma vez que, argumentou, «nestas idades, as crianças vivem muito do contacto, do afecto, do rir». «Vai ser muito complicado. Não estão habituadas a ver as pessoas com máscara», sublinhou, lamentando, de seguida, as «poucas informações» dadas sobre a reabertura.
Mãe de um menino de dois anos e quatro meses, Sofia Barata encontra-se, actualmente, em teletrabalho, razão pela qual, para já, o filho não vai regressar à Creche e Jardim-de-Infância de S. Miguel. «Não me sinto sequer minimamente segura nesta fase, muito menos com aquilo que se ouve do que vai ser o regresso», avançou.
Sofia Barata revelou que pretende «perceber bem como funciona e, então, depois ver se regressa ou não a 1 de Junho», fazendo, no entanto, transparecer evidente discordância com algumas das recomendações da DGS para a reabertura de creches. «É impensável imaginar as crianças sem afectos e a dois metros de distância dos amiguinhos», realçou.
De referir que, no plano de desconfinamento pós-estado de emergência divulgado pelo Governo, consta a reabertura de creches com opção apoio à família a partir de 18 de Maio e das restantes creches, ensino pré-escolar e ATL a partir de 1 de Junho.


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