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Cabe aos adultos reduzir riscos nas creches


Terça, 12 de Maio de 2020

A directora-geral da Saúde disse ontem ser impossível impor regras de comportamento a crianças pequenas, defendendo que cabe aos adultos “fazer tudo” para minimizar o risco de contágio quando estão a brincar e a conviver.
As creches são “um sítio para brincar” e as crianças são “muito pequeninas e, portanto, não é possível” impor-lhes regras de comportamento, disse Graça Freitas na conferência de imprensa diária sobre a evolução da pandemia de covid-19 em Portugal.
No entanto, sublinhou, “devemos fazer tudo, mas tudo, que os adultos e o espaço permitirem para minimizar o risco das suas brincadeiras”.
Graça Freitas deu vários exemplos de como o fazer, como “desdobrar turmas, manter o mínimo possível de meninos dentro de uma sala”. “Não garante que eles não se juntem”, mas permite que se crie “uma espécie de distanciamento social alargado”.
Por outro lado, apontou, “sabemos que na brincadeira eles não podem deixar de se juntar, mas podem deixar os sapatos à porta” e na hora de dormir os seus colchões devem ficar a uma distância de segurança para não passarem “gotículas para o seu coleguinha do lado” enquanto dormem.
Também se pode pedir que cada menino tenha o seu próprio colchão e que “as refeições que são tomadas tenham também espaçamento entre as salas, que não sejam todas ao mesmo tempo e que tenham circuitos separados”, exemplificou Graça Freitas.
“O que nós os adultos podemos fazer não é impedir o mundo dos meninos, mas é dar a esse mundo dos meninos a maior segurança possível e isso está na mão dos adultos, separando mesas, salas, dedicando o material tanto quanto possível a uma criança, arranjando circuitos próprios”, salientou.
Por isso, defendeu, “é tão importante que as creches se organizem em função do seu espaço, do seu número de alunos para criarem este circuito”.
“Agora, obviamente, não vamos impedir o normal desenvolvimento dos meninos, nem as suas brincadeiras, nem os seus convívios, porque isso é impossível, vamos é fazer tudo para minimizar cruzamentos entre pessoas, entre meninos, e por outro lado proteger os adultos que os acompanham”, reiterou a directora-geral da Saúde.
Como os meninos não podem utilizar uma máscara, “os adultos terão de fazê-lo, obviamente, sempre para minimizar a probabilidade de contágio de um adulto para uma criança”, exemplificou ainda.
Graça Freitas sublinhou que as regras que foram apresentadas há poucos dias numa sessão pública eram apenas ainda para ser discutidas, para ouvir pareceres de associações de pais e de outros sectores da actividade.
“Temos que pensar nos meninos que têm características próprias e direito ao seu desenvolvimento e à sua brincadeira e adultos têm de criar regras que minimizem o cruzamento entre determinados objectos, equipamentos e depois no cruzamento entre muitas crianças ao mesmo tempo”, rematou.
A Associação de Profissionais de Educação de Infância (APEI) já manifestou “profunda preocupação” sobre as condições de reabertura de creches dentro de uma semana e diz que as recomendações para essa abertura são “profundamente desadequadas”.
“Manter uma distância física de dois metros entre cada criança e impedir que possam interagir entre si, evitar o toque em superfícies, dispor mesas em linha ou crianças colocadas de costas umas para as outras, evitar a partilha de brinquedos e outros objectos, ter adultos de referência (educadoras e auxiliares), com os quais as crianças mantêm vínculos profundos, a usar máscaras, são medidas reveladoras de um desconhecimento sobre a realidade do trabalho educativo em creche e sobre o desenvolvimento das crianças com menos de 3 anos”, alerta a APEI no comunicado. |


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