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Crianças são recebidas com canção que as ajuda no regresso às terapias


Liliana Figueiredo Terça, 12 de Maio de 2020

A APPDA Viseu-Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo retomou, na semana passada, as terapias com cerca de 85 crianças e jovens. “Era urgente voltarmos às terapias porque é complicado termos os meninos com autismo fechados em casa, especialmente para quem está a coabitar com eles”, explica Prazeres Domingues, fundadora e directora técnica da APPDA Viseu.
Para familiarizar os mais pequenos para esta nova realidade, onde são cumpridas as regras de higienização, as crianças são recebidas com uma canção que lhes explica, a brincar, todos os passos necessários, como lavar as mãos, colocar a máscara, entre outros. “As crianças acham graça e até têm aderido bem, mas também há meninos que não suportam a máscara na cara e nesses casos a protecção maior tem de ser da parte de quem o recebe”, explica Prazeres Domingues.
A associação encerrou as portas em Março, devido à Covid-19 e agora estão a retomar gradualmente a actividade. Contudo, é um início que está a ser difícil. “Foi muito complicado porque primeiro tivermos de reajustar os horários dos terapeutas, de forma a manter o distanciamento entre as sessões e ainda para terem tempo de limpar e higienizar depois de cada consulta”, explica. Este novo método levou a um número mais reduzido de sessões presenciais estando por isso, neste momento, a usufruír das terapias cerca de 85 crianças, do total de 153 que são acompanhadas pela associação. “Os que não usufruem das sessões presenciais continuam a ter apoio via Skype, mas há famílias que por vários motivos nesta altura ainda continuam com as terapias canceladas, não só por nós não termos horário, mas também porque ainda têm receio de voltar. Mas, de uma forma geral, houve uma adesão muito grande, que dá a entender que as famílias estavam necessitadas deste apoio presencial porque quando se faz terapia o que também é importante são as estratégias e as dicas que vão fazendo com as famílias e, desta forma, sentem-se mais apoiadas”, realça.
Durante este tempo que a APPDA esteve encerrada o apoio nunca deixou de existir. “A APPDA tentou manter sempre um apoio via Skype com muitas famílias. Por exemplo, não dá para fazer como deve ser uma terapia da fala com uma criança pequena por esta via, mas os técnicos davam estratégias aos pais para fazerem algumas actividades em casa. Foi sempre prestado este apoio durante este período. Todos os técnicos tinham um horário para diariamente falarem com as famílias”, explica.
Destinados aos mais pequenos, eram enviados todos os dias, via email, dicas de exercícios, que se podem fazer em casa, aproveitando o que tinham à mão, que os ajudavam a realizar “actividades estimulantes a nível sensorial que fazem bem às crianças que têm muitas vezes alterações sensoriais e assim permitiu criar a ligação e interacção com a família”, acrescenta.
Contudo, esta ausência de terapias presenciais originou em algumas crianças a perda de competências já adquiridas. “Com este tempo sem usufruírem de terapias foram várias as competências adquiridas que se perderam e as terapeutas notam muito que há crianças que ao chegarem perderam essas competências e têm de dar um passo atrás para voltarem a progredir”, explica.

Adoptadas medidas
A APPDA adoptou várias medidas de protecção e higienização para retomar as actividades em segurança. O espaço foi higienizado pelos bombeiros antes da abertura aos utentes. O horário dos terapeutas foi alterado para haver mais espaçamento entre as consultas e evitar o cruzamento de pessoas e técnicos na associação, mantendo o distanciamento social. Os técnicos foram todos testados à covid-19 e deverão repetir o teste daqui a 15 dias. Estes estão ainda equipados com material de protecção individual, como máscaras e viseiras e usam protectores nos sapatos, bem como as crianças que se deslocam à associação.
Depois de cada sessão, os equipamentos utilizados, brinquedos e espaço são higienizados e a sala onde estiveram é arejada.
Para já, estão apenas a funcionar as terapias essenciais como a terapia comportamental, terapia da fala, a psicomotricidade, o brincar estruturado e as consultas de psicologia. Também o karaté individual recomeçou porque a APPDA tem uma espaço exterior que permite o distanciamento social. Por sua vez, os treinos de competências sociais em vez de serem em grupo são individuais. A música continua suspensa e o apoio ao estudo ainda está a ser feito online. “Presencialmente tentamos que esteja o número mínimo de pessoas na salas durante as terapias”, conclui.


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