Joana Severino, natural de Santa Comba Dão, terra onde se ia casar a 26 de Setembro deste ano, com João Mendes, viu-se obrigada a adiar um dos dias mais felizes da sua vida devido à actual pandemia provocada pela covid-19.
Esta noiva confessa que desde pequena sempre teve o sonho de casar e, em Dezembro do ano passado, quando surgiu o pedido de casamento começou os preparativos. Com a chegada da pandemia a Portugal, viu-se confrontada com a decisão de adiar “o grande dia”.
“Adiei o casamento para 25 de Setembro do próximo ano. É extremamente frustrante porque já tinha tudo planeado. Inicialmente, não queria adiar mas depois comecei a ouvir todas as notícias. O João tem familiares com uma certa idade e face à situação e tudo o que começámos a ouvir, inclusive sobre o distanciamento social, optámos por essa decisão até porque iria ser um casamento que não era de todo o que idealizámos. Então para que ele possa ser no mínimo tão parecido como imaginámos, o dia perfeito, achei que era preferível assim. Até porque não podia haver abraços, as pessoas iriam muito provavelmente usar máscaras e não iria ter todas as pessoas que tinha convidado, porque tenho 210 convidados. Iria ser extremamente frustrante chegar ao pé de alguém neste momento e dizer lamento já o convidei, mas não pode ir ao meu casamento porque eu tenho de seleccionar. Correria o risco de ser injusta ou tomar decisões menos acertadas. Ponderámos tudo e foi uma decisão unânime entre os dois optarmos por adiar para o ano para conseguirmos ter toda a gente e ser o nosso dia de sonho”, explica Joana Severino.
Adiamento foi feito
sem entraves
Tomada a decisão, o casal começou por contactar todas as pessoas envolvidas na preparação para o grande dia para proceder à alteração da data. “Foi extremamente fácil com toda a gente. Em relação à quinta enviei um email com a minha ideia inicial que era manter duas datas. A quinta inclusive cedeu-me as duas datas, sem qualquer problema, mas depois como começaram a ser contactados por muitos noivos deram-me um tempo razoável para eu decidir e eu optei por 2021. A única alteração foi que quando eu estava a contratar a quinta para este ano, já na altura, era um preço para 2020 e um preço para o próximo ano e tinha feito contrato para este ano. Como adiei aumentaram dois euros a cada ementa uma vez que era o preço que já estariam a levar para 2021. Ou seja nada teve a ver com esta situação”, explica.
A notícia do adiamento também foi dada aos convidados há cerca de um mês.
“Criei uma página no Facebook para avisar os convidados e dar conhecimento da nossa decisão. As pessoas sentiram-se aliviadas, pelos comentários que eu recebi, até porque tenho muitas colegas que estão a ser mães na presente data ou que vão ser entretanto e que não iriam estar à vontade. Se fossem iam estar constrangidas e com medo. Foi um alívio para os nossos convidados termos tomado esta decisão”, garante.
A poucos meses do casamento, o casal já tinha tudo planeado para o grande dia. “Já tinha tudo organizado, só faltava fazer os ajustes finais do vestido de noiva. Inclusive já tínhamos escolhido lembranças, ido à pastelaria provar o bolo, as alianças já tinham chegado, estava tudo pronto, porque neste momento estamos a viver em Odivelas e como íamos casar em Santa Comba Dão, tratámos de tudo com bastante antecedência”, diz.
Também a lua de mel já estava programada.
“Tínhamos uma viagem marcada para Djerba, Tunísia, antes de ter sido feito o pedido de casamento. Por isso íamos aproveitar essa viagem e mais tarde, no ano a seguir, iríamos fazer uma viagem ao México, essa sim a verdadeira lua de mel. Agora neste momento estamos num impasse e ainda não sabemos se vamos fazer a viagem”, afirma.
Apesar do casal ter tomado esta decisão, Joana Severino diz que existem outras noivas que não pensam da mesma forma. “Eu acho que as noivas em si - e eu falo por aquilo que vejo nos grupos das noivas no Facebook - estão a ser muito individualistas e estão a pensar única e exclusivamente nelas e no dia delas. Sei que é o nosso dias, que temos de estar bem e nos sentir bem, mas acho que também temos de ser um bocadinho altruístas e pensar nos outros e nos nossos convidados, daí a nossa decisão de adiar. Se toda a gente até este momento já fez um esforço de estar em casa e socializar o mínimo possível não devemos agora colocar tudo em jogo por causa de um capricho nosso de querer casar. A não ser que hajam excepções em que a pessoa deve casar este ano porque tem um pai doente e quer que ele assista, por exemplo. Tirando este tipo de casos, estão a ser individualistas e a pensar só nelas ao decidirem manter os casamentos nestes próximos meses”, realça.
Joana Severino diz ter a certeza que adiar o casamento foi a melhor decisão para todos. “Um ano passa rápido e tenho a certeza que vai ser um casamento muito melhor onde podemos ter o afecto daqueles que gostamos, dar abraços sem medo e, por isso, terá ainda mais significado”, conclui.