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Ex-infectados provam que há vida para além da Covid


texto: José Roque / fotos: DR Sexta, 08 de Maio de 2020

Nada será como dantes. A pandemia de Covid-19 obrigou o mundo a parar - literalmente -, com implicações directas na vida económica e empresarial de cada país, e mais especificamente na vida de cada pessoa. Tiveram que se mudar hábitos e rotinas, e a ansiedade e a incerteza quanto ao futuro tomaram conta do quotidiano. As mortes vão se sucedendo por todo o mundo e se a pandemia pintou de negro todos os cenários, a verdade é que no meio da angústia há sinais de esperança que fazem devolver o sorriso, até mesmo daqueles que sentiram o vírus na pele. Falamos daqueles que foram infectados com a Covid-19 e que sobreviveram para contar a história. A estatística diz mesmo que eles são a maioria, mas, ainda assim, cada pessoa recuperada é como um suspiro de alívio da humanidade.
Foi no dia 30 de Março que o mundo de Tiago Carreira sofreu um abalo de repercussões épicas a nível pessoal. Foi nesse dia que teve a confirmação daquilo que já se suspeitava: a filha de apenas dois anos – que já fora internada em duas ocasiões com bronquiolite - estava infectada com a Covid-19. Facilmente o gerente de um talho na Caranguejeira percebeu que se a filha mais nova estava infectada, o resto da família - ele, a mulher e a filha mais velha, de cinco anos – também estariam. E assim foi.
“Naquela altura parece que ficamos sem chão”, admitiu Tiago Carreira. Contudo, a história do ex-guarda-redes de futebol acabou por ter um final feliz: “Estivemos em casa, mas sempre bem-dispostos. Nenhum de nós teve sintomas sérios pelo que aproveitámos este tempo para estar em família e estivemos sempre bem”, afirmou.
Em termos pessoais, Tiago Carreira diz que, tirando a febre da filha mais nova e algumas dores musculares, tudo ocorreu como um outro dia qualquer. Por isso, nem mesmo as notícias trágicas provenientes de todas as partes do mundo preocupavam o talhante de 38 anos. “Se elas [mulher e filhas] estivessem mal as coisas seriam diferentes, mas como correu tudo bem, nunca fiquei preocupado”, assumiu.
E depois dos dois testes negativos que confirmavam a bonança a seguir à tempestade, Tiago Carreira voltou à sua vida profissional normal, e nem o estigma de ser um ex-infectado o está a incomodar. “Nunca sabemos o que passa pela cabeça das pessoas, mas até ver ninguém me tratou de forma diferente. Claro que há pessoas que têm algum receio e que preferem estar afastadas, mas acho esse comportamen­to normal, porque é isso mes­mo o que se está a pedir às pessoas”, concluiu.
À mesma conclusão chegou Joel da Cruz. O empresário ligado às artes marciais e ao crossfit diz que a maioria das pessoas “estão com uma abertura incrível” em relação ao facto de ter sido infectado, mas ainda assim está seguro que alguns ainda o olharão com alguma desconfiança.
E se no caso de Tiago Carreira os sintomas do vírus no corpo foram praticamente imperceptíveis, no caso de Joel da Cruz a situação foi mais intensa e obrigou-o a ficar internado no hospital durante quatro dias. Foi passado uma semana de Joel da Cruz ter estado em Espanha a assistir a uma gala de artes marciais, em que estiveram presentes cerca de três mil pessoas, que o empresário de 38 anos começou a sentir os primeiros sintomas. No início foi o paladar e o olfato a serem afectados, mas depois foi a febre, a dor de garganta e as dores no corpo que teimavam em não o largar.

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