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Mortaguense ajuda idosos a verem familiares que estão emigrados


Liliana Figueiredo Quinta, 07 de Maio de 2020

A solidão bate à porta de muitos idosos, principalmente neste tempo de pandemia. São muitos os que já não vêem o rosto dos filhos e netos emigrados, há vários anos.
Para ajudar a matar saudades, Ana Gonçalves, residente em Mortágua, e assistente social de profissão, decidiu levar um pouco de alento às pessoas do concelho, no seu tempo livre. Sempre acompanhada do seu telemóvel realiza vídeo-chamadas que possibilitam assim o reencontro de muitos familiares que já não viam o rosto uns dos outros há muito tempo. “O isolamento é um problema para todos e achei que desta forma posso ajudar as famílias a combater as saudades colocando-as em contacto”, explica ao Diário de Viseu.
A reacção das pessoas que ajuda “é uma coisa maravilhosa, é indescritível”, diz emocionada. “Fui a casa de uma senhora que já não via a filha há cerca de três anos. Ela está emigrada e não tem conseguido vir cá. Foi mesmo muito emocionante”, relata.
Existem já casos em que Ana Gonçalves já fez a vídeo-chamada pela segunda vez e, no Dia da Mãe, como não podia deixar de ser, saiu à rua, para levar um “miminho” a muitas mães e filhos. “Ouvir só a voz é totalmente diferente de se estar a falar e a ver a pessoa ao mesmo tempo, é emocionante”, afirma.
Depois das primeiras chamadas, Ana Gonçalves fez o que chama de “postais”, ao colocar fotos das pessoas que ajudou o seu Facebook, o que acabou também por fazer com que os próprios familiares emigrados a contactassem para servir de intermediária.
 “Uma senhora que vive na Austrália esteve a falar comigo por mensagens e pediu-me para a ajudar a falar com o irmão, que também já não vê há muito tempo”, conta. A maioria das chamadas é feita para França e Luxemburgo que é onde se encontra a maior parte da população de Mortágua emigrada. Ana Gonçalves diz querer continuar com esta iniciativa que já está a ajudar um grande número de pessoas. “Eu sinto que estou a contribuir para o bem-estar das pessoas, e isso faz-me muito feliz. Gosto muito de exercer o meu dever de cidadania. A solidariedade e o altruísmo para mim são valores que todos temos de preservar”, realça.
Ana Gonçalves tenta ainda ajudar de outras formas, também através das redes sociais. Na página do Facebook ‘O pão solidário’ tenta esclarecer os pedidos das pessoas, nomeadamente direitos socais a que têm acesso e que não exerceram. “Informo as pessoas do seu direito social e da forma como o podem exercer. Também é uma oportunidade de ajudar outras pessoas”, conclui. 


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