Jornal defensor da valorização de Aveiro e da Região das Beiras
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Centros de Saúde mantêm-se cautelosos no atendimento aos doentes


Quarta, 06 de Maio de 2020

Há vida para lá do coronavírus e há doenças e problemas de saúde que não desapareceram na fase pandémica que o país atravessa. Facto que faz com que os doentes, de um modo geral, continuem a necessitar das “visitas regulares” ao seu centro de saúde, seja para renovação de medicação, seja para avaliar a evolução do estado de saúde, através da mostra de análises ou exames junto do médico de família.
E há de facto vida para lá da Covid-19! Isso mesmo comprovamos à porta da USF Briosa, onde encontramos um pai que ali se deslocou «com consulta previamente agendada» com o filho, recém-nascido e esposa, para realização do teste do pezinho. Esperaram breves minutos para serem chamados. Entrou mãe e filho e o pai, tal como no momento do parto, teve de esperar fora dos serviços. «É uma eventualidade necessária» para bem de todos, afirmou. No mesmo local, Margarida Casimiro aguardava, também há pouco tempo, para ser vista pela enfermeira na sequência de uma cirurgia realizada na semana passada. «Diz estar tudo a correr bem» e que «irá receber carta do hospital para consulta» pós-operatório.
No Centro de Saúde, onde encontramos um número reduzido de pessoas, uma outra história mostra que a vida prega partidas... Uma colaboradora do Sobral Cid aguardava a saída da sua colega de trabalho que, na casa dos 50 anos, foi surpreendida, em plena crise pandémica, por uma doença oncológica que a “atirou” para um mês doloroso de tratamentos (quimioterapia e radioterapia), longe da família por imposição da Covid-19. Desta forma, esta amiga tem sido o seu braço amigo de todas as horas, levando-a aos tratamentos e consultas, tal como aconteceu ontem, para renovação da baixa médica. «Esperamos uma hora que ela fosse chamada pela médica de família» mas para a situação em que estamos «os centros de saúde, e hospitais, estão a responder muito bem», disse.
No Centro de Saúde e USF Coimbra Celas, os poucos utentes que por ali se encontravam prontamente viram as suas questões resolvidas. Encontramos, no entanto, a D. Isilda, de 82 anos, que se fez deslocar até ali de autocarro, para mostrar análises clínicas à médica (é diabética), depois de ter sido desmarcada a consulta previamente agendada. «Estou à espera que a médica as veja e me diga o resultado», explicou.
Já no Centro de Saúde da Fernão Magalhães, foram muitas as pessoas que ali acorreram na manhã de ontem, na sua maioria para renovação de receitas médicas. De forma organizada, e todos de máscara, encontramos cerca de duas dezenas de utentes. Uns esperavam há meia hora, outros há duas horas, e quase todos decidiram deslocar-se ao centro de saúde por ser um procedimento normal quando se trata de pedido de receitas e por isso não tentaram ligar previamente. Quem o fez, como Carla Lopes, que ali estava para solicitar medicamentos para a mãe, de 84 anos, diz que não conseguiu falar com ninguém do centro de saúde» e por isso decidiu ir lá pessoalmente.
«Estamos a correr riscos desnecessários e devíamos ter mais prudência e cautela com o próximo», atirou José Valença, que defende que agora, sem estado de emergência, é importante «haver ainda mais cuidado». Opinião partilhada por Manuel Lopes, de 65 anos, que «nunca imaginou viver uma situação destas», lamentando a falta que os netos lhe fazem, saudades que são diminuídas com a ajuda do telefone. Tirando isso, o dia-a-dia, com a sua esposa é em casa e no quintal de onde só saem para questões urgentes. No entanto, tem receio que as pessoas «comecem a perder o medo e a coisa piore». |


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