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Alunos de enfermagem prestam cuidados a utentes infectados


Liliana Figueiredo Segunda, 04 de Maio de 2020

Um grupo de alunos da Escola Superior de Saúde, de Viseu que estão a frequentar o último ano do curso de enfermagem, aceitaram o desafio de ajudar e estão a trabalhar no Lar de São José, em Santiago de Cassurrães, em Mangualde, como voluntários.
Daniela Henriques, de 21 anos, natural de Mangualde, é uma das alunas que aceitou este desafio. “Quando começou esta pandemia, a escola deu duas opções de voluntariado. Inscrevi-me nas duas e no início de Abril fui contactada e perguntaram se estaria interessada em ajudar no Lar de Santiago de Cassurrães. Eu e o meus colegas dissemos que sim. Inicialmente éramos um grupo de sete, agora somos 10”, explica Daniela Henriques.
Estes alunos realizam várias tarefas, nomeadamente prestar cuidados de higiene, como dar banhos e mudar fraldas, de alimentação, de conforto, entre outros.
Como este lar teve vários casos de pessoas infectadas com covid-19, os estudantes tiveram de lidar com o medo. “Ao início todos nós aceitámos porque o que queríamos era realmente ajudar e, de certa forma, nos sentirmos úteis, mas ao início encarar a realidade foi um bocado assustador, porque eram maioritariamente doentes infectados”, conta.
Contudo, o facto de se sentirem seguros, com o material de protecção individual, ajudou a que conseguissem prestar os cuidados com a maior segurança possível. “O lar tem bastante equipamento de protecção individual, não nos falta nada, e isso foi extremamente importante para que tudo corresse bem”, explica.
Os alunos estão divididos entre dois turnos, o da manhã e o da noite, sendo que trabalham 12 horas em cada um. Antes de entrarem ao trabalho todos os voluntários se equipam com fardas que a instituição fornece, e que são lavadas sempre depois de cada turno acabar. “Além dessas fardas temos equipamento de protecção individual, uma bata de corpo inteiro, com capuz, temos também umas perneiras para protegermos as socas e parte das pernas, mangas que unimos às luvas para que não haja pela à mostra, e temos ainda as mascaras, os óculos e as viseiras”, conta.
Esta decisão de estar no terreno a ajudar foi apoiada pela família. “A minha família apoiou-me porque eu sempre disse que não queria estar em casa e que queria ajudar de alguma forma. Apesar do medo e da preocupação constante apoiaram-me quando tomei essa decisão”, afirma.
O balanço diz ser muito positivo, num trabalho que está a enriquece-la “tanto profissionalmente como pessoalmente”, uma experiência que diz levar “para o resto da vida”. “Temos estágios ao longo do curso, íamos agora para os dois últimos, e terminaríamos a licenciatura, só que este é sem dúvida diferente. Somos supervisionados por uma enfermeira que nos orienta, mas temos mais autonomia e um espírito critico melhorado. Fomos muito bem recebidos e não nos falta nada”, explica.
Neste momento já todos os voluntários fizeram o teste à covid-19 e deram todos negativos. Nos próximos dias ainda vão ser realizados mais testes aos utentes que continuam infectados com covid-19.


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