A associação ambientalista Quercus avisou ontem que a redução temporária nas emissões poluentes provocada pela pandemia pode pôr em risco a transição para energias limpas, exigindo apoios para se continuar o combate às alterações climáticas. Em comunicado, a Quercus defende que Portugal deve “reafirmar a sua ‘opção consciente’ de aumentar a contribuição para o Pacto Verde Europeu” e frisa que “sem acções de apoio, a pandemia pode colocar em risco o investimento em energia limpa”.
“A redução de emissões que se tem verificado dificilmente se transformará numa tendência de longo prazo a menos que sejam tomadas medidas adicionais para se construir uma economia de baixo carbono”, salienta a associação. A pandemia da Covid-19 levou a que se mudassem prioridades nas instituições europeias e Portugal está a tomar medidas de apoio às empresas e cidadãos no cenário de crise que se avizinha, financiadas “por níveis crescentes de dívida”, enquanto as receitas dos impostos “vão cair”, assinala a Quercus.
“O desafio é combinar isto com o investimento na neutralidade climática, evitando sempre subsidiar atividades intensivas em carbono ou desenvolver atividades poluentes e com impactes ambientais gravíssimos” no uso do solo.
A Quercus aponta como fundamental “dar continuidade à proteção dos ecossistemas naturais” e salienta que as energias renováveis podem ser utilizadas, como a energia solar que “é hoje a forma mais barata de produzir eletricidade”.
No entanto, com a queda do preço do petróleo, pode dar-se um “travão à transição energética, fazendo prolongar no tempo tecnologias poluentes que se pretendia eliminar”.
A associação espera que as “ferramentas ‘online’ a que os portugueses se viram forçados a recorrer”, como o tele-trabalho, as compras pela Internet e as video-conferências “tenham vindo para ficar” para acelerar a transição para uma economia de baixo carbono.