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Ex-treinador da UD Leiria relata tempos de angústia no epicentro da pandemia


texto: José Roque / foto: DR / Legenda: José Rocha está há cinco anos na China e actualmente é treinador principal numa academia de futebol em Guangzhou Segunda, 27 de Abril de 2020

José Rocha tem dois clubes no coração: a Naval, emblema da sua terra natal (Figueira da Foz) e a UD Leiria, onde trabalhou durante sete anos como treinador e coordenador. Mas como a vida de um técnico de futebol pode – literalmente – virar a vida do avesso a qualquer pessoa, José Rocha está há cinco anos na China onde é treinador principal e director de futebol da Academia Bolt Bears Football Academy, em Guangzhou.
Depois das iniciais dificuldades de adaptação à cultura chinesa e pela barreira linguística, José Rocha estava longe de imaginar que o seu maior desafio ainda estava por chegar e tudo por conta de um vírus que teve o epicentro longe da cidade onde reside, mas ainda assim com um efeito devastador por todo o mundo.
“Começou por ser uma notícia ténue e sem grande importância, mas rapidamente passou a ser um caso de emergência, pois os infectados dispararam muito rapidamente. As pessoas foram obrigadas a ficar fechadas em casa. Ao princípio foi complicado, pois os bens de primeira necessidade desapareceram e comecei a temer que não iria ter alimentos para comprar”, contou José Rocha.
Rapidamente o figueirense percebeu que o assunto era sério. “Aqui vivemos todos em comunidades de prédios, com segurança nas entradas e as coisas começaram a ser fechadas, sendo proibida a circulação de pessoas. Por exemplo, em alguns casos só uma pessoa de cada habitação poderia ir a rua. Aí foi o ponto em que percebi que viriam tempos difíceis para todos”, explicou o antigo militar.
Foi nessa altura que o governo China viu-se obrigado a tomar “medidas agressivas”, mas apesar de todo o alarido que se estava a espalhar por entre a comunidade chinesa, José Rocha diz que estava longe de imaginar que o coronavírus se tornasse um problema à escala global. “Nunca me passou pela cabeça que isto iria tomar proporções incontroladas no resto mundo”, sublinhou, acrescentando que há uma clara noção na comunidade chinesa que os dedos estão todos apontados para aquele país asiático: “Existe aqui a sensação de que todos os países do mundo estão contra a China, por isso o sentimento dos chineses é de alguma preocupação”.
O técnico vai ainda mais longe e adianta que o número oficiais de infectados e mortos na China não devem corresponder à realidade, não só pela dimensão do país, mas também pelo “receio” que as pessoas têm em “manifestar-se” quanto ao facto de estarem infectadas.

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