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Misericórdias indignadas com insinuações de incúria por parte da tutela


Segunda, 20 de Abril de 2020

Manuela Ventura

«Revolta», «indignação» e «desagrado». É desta forma que as Misericórdias do distrito de Coimbra reagem às afirmações feitas pelos responsáveis da Direcção-Geral de Saúde relativamente ao desempenho destas IPSS (instituições particulares de solidariedade social) que têm sido acusadas de alguma «incúria». «É uma tremenda injustiça», sublinha o presidente do Secretariado Regional de Coimbra. António Sérgio, também provedor da Santa Casa da Misericórdia de Pampilhosa da Serra, não poupa críticas à forma “aligeirada” como a tutela deu e continua a dar respostas, e acusa mesmo a Direcção-Geral de estar a «tentar branquear o muito trabalho de muita gente, que está a dar o seu melhor».
«Querem fazer passar a ideia que os lares não estão a fazer o seu trabalho, o que não é verdade», considera, fazendo notar que os lares não são instituições de saúde, mas estruturas residenciais». «É uma injustiça tremenda», afirma, destacando que os lares tutelados pelas Misericórdias do distrito de Coimbra «fizeram e fazem muito mais do que lhes foi pedido».
Esta é, reitera, a «questão de fundo» e critica o facto de a Direcção-Geral de Saúde estar a tentar «passar o odioso para os lares», responsabilizando estas instituições pela ocorrência de situações de contaminação pelo novo coronavírus.
«Fazemos muito mais do que a nossa obrigação», assegura, exemplificando com o facto de os lares não serem obrigados a ter médico, «mas têm», uma filosofia de «prevenção», esclarece.
Mas este é apenas um dos muitos indicadores que, quando a tutela considerava que se tratava de «uma mera gripe», as Santas Casas assumiram, inteiramente por sua iniciativa. António Sérgio aponta a «restrição, primeiro, e o cancelamento, depois, das visitas», o «confinamento total» que muitas Misericórdias do distrito adoptaram, ou a «mudança de horários», permitindo a entrada e saída de funcionários apenas de 12 em 12 horas. Algumas destas medidas, enfatiza, foram assumidas «antes do dia 2 de Março, ou seja, bem antes da declaração da situação de pandemia pela Organização Mundial de Saúde, que ocorreu no dia 11 de Março».­
«Fizemos tudo o que está ao nosso alcance e não temos condições, nem económico-financeiras, nem humanas, para fazer mais», refere o responsável do Secretariado Regional, que quer «desmistificar a ideia errada que está a ser criada relativamente aos lares», particularmente aos que estão sob a tutela das 22 Misericórdias do distrito de Coimbra, que representam um total de «25 respostas sociais de lar», que acolhem «mais de duas mil pessoas». «Querem confundir a árvore com a floresta», diz ainda, assumindo a sua «revolta» com a situação. «Trata-se de defender a nossa honra», adianta, denunciando os «comentários infelizes que têm sido feitos pela directora-geral da Saúde», que não têm em conta o «sacrifício pessoal, o empenho e o esforço» dos mais de dois mil funcionários destas instituições.


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