Por estes dias, em que o medo de se ficar infectado com Covid-19 numa saída à rua é real, são vários os voluntários que dedicam um pouco do seu tempo a ajudar quem mais precisa. É o caso de Paulo Almeida e Susana Teles que se inscreveram na bolsa de voluntariado do Linha Municipal de Emergência Social ‘Viseu Ajuda’, criada pelo Município de Viseu e que está em funcionamento desde o dia 23 de Março, disponibilizando um serviço de apoio durante este período crítico da pandemia.
No total, são cerca de duas dezenas os “heróis sem capa” que colaboram neste programa que até à data já ajudou 269 famílias. Paulo Almeida, de 55 anos, um dos voluntários, está a ajudar a fazer as compras nos supermercados para as famílias necessitadas. “Faço parte da Associação de Gumirães, onde já costumo fazer voluntariado, também faço por iniciativa própria, e também em 2017, quando ocorreram os incêndios, ajudei. Agora achei importante voltar a fazê-lo, neste contexto, e como trabalho por conta própria, organizei-me e sei que durante aquelas horas por semana o meu tempo é dedicado a esta causa. É nos dada uma lista de compras consoante o pedido da respectiva família e nós vamos comprar o que é pedido. Normalmente vamos sempre em equipas de dois”, realça.
Apesar do medo normal que toda a gente sente, com a possibilidade de poder ficar infectado, Paulo Almeida diz que tem todos os cuidados possíveis até para não infectar quem está em sua casa.
“Desde a primeira hora que nos deram equipamentos de protecção, máscaras, luvas e batas identificadas e sempre que chego a casa tiro a roupa com que saí à rua e ponho para lavar”, explica.
Também Susana Teles, de 25 anos, que já abraça a experiência do voluntariado desde os seus 18 anos, não pensou duas vezes em responder ao apelo feito pelo Município de Viseu e também ela está responsável pela parte de comprar alimentos.
“Não estou a trabalhar, tenho estado em casa e queria fazer alguma coisa para ajudar. Além de ter oferecido ajuda aos vizinhos e familiares queria fazer mais. Então inscrevi-me e, neste momento, estou responsável por fazer as compras. A listagem chega, nos compramos e depois alguém responsável entrega os bens às famílias”, explica. Em média dedica três horas, duas vezes por semana, a este programa de voluntariado e a sensação “é de missão cumprida”. “Todas as pessoas deviam fazer voluntariado pelo menos uma vez na vida”, afirma.
Também Paulo Almeida apela a que quem possa que dê um bocadinho do seu tempo para ajudar alguém.
“Sei que nesta fase devemos estar em casa, mas se formos bem protegidos podemos fazer voluntariado e são apenas umas horas que podem fazer a diferença na vida de outra pessoa. Temos de ser uns para os outros”, realça.
‘Viseu Ajuda’ já apoiou 269 famílias
De acordo com Jorge Sobrado, vereador na Câmara Municipal de Viseu, que está responsável pela coordenação deste projecto, “à data de hoje, e com quase um mês de actividade, a Linha de Emergência Social ‘Viseu Ajuda’ apoiou já 269 famílias do concelho, em situação de carência social ou de vulnerabilidade decorrente ou agravada pela crise da pandemia”.
Além de situações de carência social, o projecto apoia também munícipes com dever especial de protecção, nomeadamente idosos e doentes crónicos, famílias que se encontrem em isolamento ou quarentena e doentes Covid-19.
“Entre os serviços prestados pela linha, está o fornecimento de cabazes alimentares e outros bens essenciais de supermercado (com mais de metade dos pedidos), medicamentos, refeições prontas no domicilio, reparações domésticas urgentes (para famílias carenciadas ou pessoas com dever especial de protecção) e recolha de lixo porta-a-porta de doentes Covid-19. A resposta é garantida na base de uma cooperação com as Juntas de Freguesia – e em especial a de Viseu, que representa cerca de 50 por cento dos pedidos de auxílio –, da Segurança Social e da rede social concelhia”, acrescenta Jorge Sobrado.
O vereador explica, ainda, que o número de voluntários pode vir a aumentar, nos próximos dias, com o crescimento dos pedidos.
O projecto ‘Viseu Ajuda’ está disponível sete dias por semana, entre as 9h00 e as 20h00, sendo a linha telefónica de acesso gratuito (800210 098).
