Os Bombeiros Voluntários de Viseu gastaram nas últimas semanas cerca de cinco mil euros na aquisição de equipamento de protecção para os seus operacionais, nomeadamente, fatos integrais, máscaras, óculos, luvas e toucas, e em desinfectantes e outros produtos. No entanto, segundo o vice-presidente da direcção da instituição, Lúcio Campos, a maior dificuldade tem sido repor ou adquirir algum desse equipamento, porque “os fornecedores, devido à enorme procura, não têm capacidade de entrega, levando também a um aumento significativo dos preços”.
“Estamos a desenvolver múltiplos contactos institucionais, empresariais e pessoais no sentido de evitar a ruptura de stock destes componentes essenciais que fazem parte do Equipamento de Protecção Individual dos nossos operacionais, pois são vitais para continuarmos a desenvolver em segurança o nosso trabalho na luta contra a covid-19”, explica o responsável, sublinhando que sem esse equipamento os bombeiros não poderão continuar a fazer o transporte de doentes suspeitos de estarem infectados.
Segundo Lúcio Campos, foram transportados para o Hospital de São Teotónio, desde o início de Março, 26 doentes com suspeitas de covid-19, sendo que dois tiveram resultado positivo, 15 resultado negativo e nove ainda estão a aguardar o resultado do teste a que foram sujeitos.
O vice-presidente da direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Viseu salienta que a Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil e diversas entidades privadas têm contribuído com algum equipamento de protecção individual e destaca “a elevada mobilização e o grande apoio que temos sentido por parte de empresas, instituições, entidades e cidadãos anónimos de Viseu que, de uma forma profundamente altruísta e solidária, têm respondido positivamente aos nossos apelos e nos têm feito chegar, sob várias formas, como é o caso de produtos alimentares, equipamentos de protecção individual, produtos de higiene e dinheiro, um auxílio extremamente importante para o nosso normal funcionamento”, sublinhando ainda o adiantamento do apoio anual de 55 mil euros que a Câmara Municipal de Viseu já disponibilizou.
“Queremos continuar a estar na linha da frente no auxílio e socorro a toda a população de Viseu, procurando prestar um serviço de qualidade, dedicado e com elevado nível de rigor e profissionalismo que garanta que as melhores práticas são aplicadas a todos aqueles que de nós necessitam”, adianta. No entanto, “a grande preocupação é reduzir o risco ao mínimo dos nossos operacionais, para garantir a operacionalidade do nosso corpo de bombeiros e assim podermos responder com eficiência e prontidão às outras situações, como incêndios urbanos ou florestais, acidentes, transporte de doentes e limpeza de vias”.
623 ocorrências
desde 1 de Março
De acordo com Lúcio Campos, os bombeiros voluntários foram chamados a mais de seis centenas de ocorrências desde o início do mês de Março, tendo sido mobilizados para 16 incêndios urbanos, três incêndios rodoviários, 14 colisões e despistes, 218 emergências pré-hospitalares, 327 transportes de doentes e cinco limpezas de via.
No quartel, foram realizadas algumas alterações nos procedimentos e medidas de protecção, esclarece Lúcio Campos, referindo medidas como a restrição do acesso a pessoas com estrita necessidade de o fazer, a passagem dos turnos de serviço de 8 para 24 horas, por forma a diminuir as rotações e aumentar a permanência do pessoal, a implementação de regras de higiene e segurança e a recomendação de uso generalizado de máscara.