Jornal defensor da valorização de Aveiro e da Região das Beiras
Fundador: 
Adriano Lucas (1925-2011)
Diretor: 
Adriano Callé Lucas

“Quanto mais foco na prevenção, menos trabalho com a cura e menos mortes”


Segunda, 13 de Abril de 2020

«Quando, em Janeiro, soube que em Wuhan estavam a morrer centenas de pessoas afectadas por um novo vírus, fiquei assustada. Até então só tinha ouvido falar de epidemias na televisão», diz Tatiana Lages, natural de Coimbra e há oito anos a residir em Macau.
A fotógrafa profissional aplau­­­de a forma como a região enfrentou a infecção do novo coronavírus e congratula-se com os resultados: até ontem tinham apenas tido 45 casos positivos e nenhum óbito relacionado com a infecção.
Garante que se sente segura e teme mais pelo que possa vir a acontecer em Portugal. «Não percebo, por exemplo, porque é que não estão já todos a usar máscaras», espanta-se.
Alargando a interrupção lectiva, as escolas de Macau estiveram quase dois meses encerradas, durante 14 dias as ruas estiveram praticamente desertas e todas as pessoas usavam máscaras se tivessem de sair de casa. «Rapidamente começaram a surgir informações por parte do Governo de Macau sobre as medidas de prevenção a tomar para evitar a propagação do coronavírus», explica Tatiana, notando que os alertas chegavam «nas constantes mensagens de sensibilização transmitidas através dos canais públicos de televisão, megafones nas via públicas e em veículos». «Toda a informação foi disponibilizada no website do Governo, que incentivou logo os cidadãos a usar máscaras, lavar as mãos com frequência, não sair de casa e evitar aglomerados de pessoas», acrescenta a conimbricense.
Tatiana Lages lembra que Macau já tinha plano de contingência criado pela altura do SARS e desenvolvido ao longo do tempo, por isso, as medidas de prevenção de contágio começaram a ser postas em prática de forma rápida e eficaz. «Fiquei muito satisfeita por ver uma coesão social e intercultural muito grande por parte da população que rapidamente colocou em prática as medidas de prevenção. Não é por acaso que a propagação do vírus em Macau foi tão baixa e que a região tem sido um exemplo para todo o mundo. Os governos da China e de Macau colocaram a saúde pública à frente dos interesses económicos, o que me fez sentir protegida e ter esperança que a situação ia ser resolvida da melhor maneira possível», declara.
No que se refere ao seu país natal, a fotógrafa e fotojornalista não percebe como é que a população ainda não foi aconselhada a usar máscaras na rua e teme que as actuais medidas tenham vindo mais tarde do que deviam. «Já há muitos infectados e as pessoas podem estar até 14 dias infectadas com o vírus sem ter qualquer sintoma, por isso não sabemos quantos são na realidade», alerta. «As medidas de prevenção e propagação do vírus devem ser colocadas em prática o mais rapidamente possível porque, como se sabe, não há recursos e material hospitalar suficientes para tratar um grande número de casos ao mesmo tempo».
«Quanto maior for o foco na prevenção, menos trabalho terão os hospitais com o tratamento e menos mortes resultarão», declara esta conimbricense em Macau. «Devemos, por todos os meios, evitar sermos contagiados, protegendo--nos a nós e aos outros. Se há coisa que esta pandemia vem provar é que estamos todos sujeitos a problemas comuns, e que, unidos os conseguiremos resolver melhor e mais rapidamente». Tatiana Lages acredita que, «apesar do forte impacto económico em todo o mundo, esta crise terá como consequência ficarmos mais fortes».


Suplementos


Edição de Hoje, Jornal, Jornais, Notícia, Diário de Coimbra, Diário de Aveiro, Diário de Leiria, Diário de Viseu