Jornal defensor da valorização de Aveiro e da Região das Beiras
Fundador: 
Adriano Lucas (1925-2011)
Diretor: 
Adriano Callé Lucas

“Agora é o tempo da sobrevivência e de ganhar esta batalha. A seguir virá o tempo do apoio à economia”


Eduarda Macário Segunda, 13 de Abril de 2020

Que análise faz da situação vivida no concelho de Tondela?
Com os incêndios de Outubro de 2017 o concelho de Tondela viveu momentos impensáveis, o que nos levou a gerir uma realidade nunca antes vista e a reerguer parte do concelho. Agora, quando estávamos a retomar o ciclo de grandes investimentos e de crescimento, de novo, vivemos tempos que nos voltam a obrigar a parar e a gerir um processo que pensávamos nunca ter esta escala mundial. As incertezas são muitas. Mas temos de mobilizar todas as estratégias para atenuar os impactos negativos e ajudar a salvar vidas. As últimas semanas têm sido dedicadas a planear, proteger, precaver da melhor forma que sabemos e conseguirmos. São dias longos, difíceis, em que a cada dia surge um problema novo. Mas, mantemo-nos atentos, desenvolvemos inúmeras reuniões com os diversos agentes de Protecção Civil, encontrando soluções possíveis para os problemas que vão surgindo. Temos de articular, planear e disponibilizar os meios necessários para vencer este momento que estamos a enfrentar, sabendo que o poder local e o primeiro referencial de proximidade e de quem todos esperam apoio.  

O que é que o Município está a fazer para minimizar as consequências da pandemia?
Temos vindo a tomar todas as medidas adequadas ao quadro que se vive actualmente, começando pelo Plano de Contingência Municipal e, posteriormente tendo activado o Plano Municipal de Emergência e Protecção Civil. Também criámos o serviço “Cuidar à Distância para Protecção de Todos”, com duas linhas telefónicas, uma mais direccionada para dar resposta às necessidades urgentes e prioritárias dos munícipes, como levar alimentos e medicação aos munícipes (966335996). Já a outra linha telefónica dá resposta em termos de apoio psicológico (966334668). Trata-se de cto colaborativo e solidário da iniciativa da Câmara Municipal de Tondela - serviço de Acção Social e CLDS - 4G, com os vários parceiros e serviços locais, para prestar apoio e cuidados à população mais vulnerável do concelho. Também estamos a executar a desinfecção de locais públicos, como zonas envolventes a farmácias, áreas comerciais, zonas de abastecimento de combustíveis, correios, multibancos e unidades de saúde, de forma diária, embora saibamos que esta medida não é uma orientação da DGS, por não dar garantias plenas, e por não queremos gerar falsas seguranças. Importa sublinhar que não se devem dar falsas noções de segurança, pois nada impede que um espaço que tenha sido higienizado não seja contaminado no momento seguinte. Por outro lado, adquirimos também um volume considerável de equipamentos de protecção individual, com particular ênfase para as nossas instituições de apoio social, bombeiros, equipas de protecção civil. Trata-se de um importante reforço para garantir a segurança destes profissionais. Destaco também que entrou em funcionamento em Tondela, num dos pavilhões da Escola Secundária de Tondela, a área dedicada para avaliação de doentes com suspeita de COVID-19, que serve os concelhos de Tondela, Carregal do Sal e Santa Comba Dão e que tem uma importante missão de apoio às nossas populações. Ainda em termos de apoios, o Município implementou, já há mais de uma semana, o apoio a testes, sempre que solicitado com critérios clínicos pelos profissionais de saúde, financiando em cerca de 50% as IPSS/Misericórdias e 25% do valor para as instituições particulares. Também se admite um modelo mais generalizado, quando houver mais resposta de testes disponíveis.
 
Que pedidos mais têm chegado aos serviços da autarquia?
Da parte das IPSS do concelho surgiram pedidos de equipamentos de protecção individual e também para a realização dos testes que permitem detectar esta doença. Os pedidos mais frequentes têm sido feitos através das linhas de apoio municipal, a solicitar que lhes sejam levados alimentos ou medicamentos, bem como também tem sido solicitado apoio psicológico. À medida que as solicitações nos cheguem, ajustaremos sempre a melhor resposta possível. Em qualquer caso, tem havido uma forte concertação de posições entre os autarcas da CIM, no sentido de se ajustarem medidas equitativas, em detrimento de acções isoladas e menos ponderadas.
Como vê as medidas aprovadas pelo Governo?
O Governo já tomou algumas medidas que julgamos necessárias, contudo penso que são insuficientes para dar algumas respostas, nomeadamente  aos pequenos empresários. A situação que atravessamos, a gravidade e a dimensão desta realidade, obriga a que sejam tomadas mais medidas de apoio às nossas empresas. Mas também no comércio e serviços. Não sabemos por quanto tempo vai ser estendido o Estado de Emergência e as medidas que levaram ao fecho destes espaços. Poderemos ter de accionar instrumentos de apoio. Cada coisa na sua vez. Agora é o tempo da emergência da sobrevivência, de ganhar esta batalha pela vida. A seguir virá o tempo dos instrumentos de apoio a economia. Por outro lado, vejo com a necessária preocupação o arrastar de competências acrescidas para as comissões municipais de protecção civil, em matérias que são da área da saúde e da segurança social, nomeadamente no quadro da respostas sociais de lares e de cuidados continuados. Ainda sublinho que é fundamental, para além do confinamento e distanciamento social, incrementarem-se mais testes, com  mais agilidade, aumentando a capacidade de isolamento de casos positivos, incluindo os assintomáticos. É aqui que reside a maior preocupação para se estancar a progressão da pandemia.

Leia a notícia completa na edição em papel.

Suplementos


Edição de Hoje, Jornal, Jornais, Notícia, Diário de Coimbra, Diário de Aveiro, Diário de Leiria, Diário de Viseu