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União das Misericórdias de Viseu critica ausência de testes e de equipamentos


Quarta, 08 de Abril de 2020

O presidente do secretariado regional de Viseu da União das Misericórdias criticou ontem a inexistência de testes e de equipamentos de protecção individual prometidos e lamentou a falta de resposta das entidades.
“Onde estão os equipamentos que disseram que iam enviar? Onde estão os testes para realizar aos utentes e aos colaboradores? Onde estão os canais de resposta para estas pessoas que trabalham todos os dias a cuidar dos utentes?”, questionou José Tomás, em declarações à agência Lusa.
O também provedor da Santa Casa da Misericórdia de Mangualde adiantou que, na sua casa, onde não há infectados, “os colaboradores estão há mais de 14 dias seguidos a trabalhar, numa média de 12 horas por dia, de forma incansável, com uma coragem enorme no meio de todo este medo e sem se queixarem”.
“Há uma certa impotência nas entidades de saúde. O mais fácil é escrever as normas e como deve ser o equipamento e como deve ser usado e em que condições, mas depois a operacionalização, essa, é de quem está no terreno sem o equipamento”, queixou-se.
José Tomás explicou que “há misericórdias no distrito de Viseu a comprar equipamento caríssimo”. A título de exemplo, falou em “máscaras cirúrgicas a mais de um euro, máscaras FFP2 a cinco, seis euros cada, fatos descartáveis a 20 euros, óculos a 17 e a 20 euros cada par”.
“É isto que está no mercado. Vão os anéis e ficam os dedos, mas depois vão também os dedos a cuidar das pessoas que precisam e vamos ao limite para procurar equipamento, que é caríssimo, para dar resposta. Mas não desistimos, tudo faremos para adquirir equipamento”, prometeu.
Questionado sobre se já manifestou o seu descontentamento junto das entidades, nomeadamente da União das Misericórdias que tinha prometido, em 30 de Março, o “envio de equipamento de protecção individual e uns ‘kits’ de reserva para quando de facto forem precisos”, José Tomás reforçou a crítica.
“Estou farto de manifestar descontentamentos. Ontem [na segunda-feira] mandei um ‘e-mail’ para as entidades todas com este teor da nossa conversa. Se tive resposta? As pessoas só dão resposta se tiverem capacidade para dar resposta. Caso contrário, não dão e há uma certa impotência para dar resposta”, reagiu.
José Tomás enalteceu ainda toda a ajuda que tem chegado, quer por parte da autarquia, de empresas e de organizações de voluntários e pessoas a título individual, “que se desdobram para arranjar equipamento de protecção individual e têm feito donativos às instituições”.
“Toda esta ajuda é muita para aquilo que estamos a viver, mas é também pouca para as necessidades e eu só tenho a agradecer a ajuda a cada um e ao somatório de todas elas”, realçou.
O provedor contou ainda que, no caso de Mangualde, hoje foi dia de mudança de turno e os colaboradores que estiveram estas duas semanas a trabalhar foram para casa e os que chegaram “foram alvo de um intenso questionário sobre com quem estiveram e onde estiveram e só não foram feitos testes porque não foi possível”.
“Este é um momento crítico, com fragilidades associadas e que nos deixa ainda mais preocupados. Por isso, solicitei à autarquia e a um laboratório privado a realização de testes a estes colaboradores, como seria prudente. Lamentavelmente, não houve capacidade de resposta”, lamentou.
Neste sentido, José Tomás usou de um provérbio popular, “a sorte protege os audazes”, para manter a “esperança de que tudo correrá bem”, até porque os colaboradores da Santa Casa da Misericórdia de Mangualde “já demonstraram que são audazes e por isso continuam a acreditar que a sorte vai proteger” toda a gente.

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