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Covid-19: Directores desafiam Ministério da Economia a garantir Internet a todos os alunos


Terça, 24 de Março de 2020

Os directores escolares desafiaram hoje o Ministério da Economia a colocar Internet em casa dos alunos que precisam e a disponibilizar computadores às famílias carenciadas para que todos possam assistir às aulas à distância, que começaram há uma semana. As escolas estão fechadas há mais de uma semana devido à pandemia covid-19, mas as aulas continuam com o ensino à distância. No entanto, 5% das famílias com estudantes até aos 15 anos não têm Internet em casa e um em cada cinco alunos não tem equipamentos, como computadores, que permitam fazer os trabalhos propostos pelos professores.
Este é um problema que preocupa professores, pais e o Ministério da Educação que têm apresentado medidas e sugestões para tentar combater esta desigualdade social.
Hoje, o presidente da Associação Nacional de Directores e Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) lançou um novo desafio ao Governo. “Desafio o Ministério da Economia e da Transição Digital a fazer jus ao nome que usa e a celebrar protocolos com as operadoras para que seja colocada Internet em casa dos alunos que não têm, e que dote os lares dos nossos estudantes de computadores”, defendeu Filinto Lima, presidente da ANDAEP, em declarações à Lusa. Filinto Lima lembrou que “o digital não é um luxo, é uma necessidade”, e por isso dotar as casas com Internet e equipamentos é “ajudar os alunos”.
As escolas sabem bem quem são os alunos que estão excluídos, já que no início de cada ano lectivo os estudantes preenchem uma ficha onde lhes é perguntado se têm Internet e computadores. “Estamos à espera que o Ministério da Economia nos venha pedir estes números”, sublinhou Filinto Lima.
Também os professores que agora estão a ensinar à distância sabem quem são os alunos que “estão a faltar às aulas”, lembrou, reconhecendo o trabalho que tem sido desenvolvido pelo Ministério da Educação.
Entre as medidas propostas está a celebração de acordos com os CTT para servirem de intermediários entre os alunos e os professores fazendo a entrega e recolha de fichas de trabalho.
No entanto, estes alunos continuam sem conseguir aceder às aulas virtuais. Ficam excluídos do trabalho feito através da internet, lembraram os directores escolares.
Este é um problema que também preocupa Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), que voltou hoje a sublinhar que as “realidades dos alunos são todas muito diferentes” e que “todas as sugestões para reduzir as desigualdades sociais são boas”.
Cerca de dois milhões de crianças e jovens, desde a creche até ao ensino superior, estão em casa com as famílias, uma das medidas do Governo para tentar conter a disseminação do novo coronavírus que já infectou mais de duas mil pessoas em Portugal.
Tal como em Portugal, milhões de alunos em todo o mundo estão neste momento em casa a ter aulas à distância.


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