Numa altura em que as medidas para evitar a propagação do Covid-19 visam o isolamento em casa da população em geral, há quem tenha que ir para a rua para que nada falte aqueles que mais precisam de cuidados. Falamos do trabalho da InPulsar - Associação para o Desenvolvimento Comunitário, em Leiria, cuja equipa continua a ir para o terreno com trabalhos redobrados para que nada falta, principalmente no caso dos sem-abrigo, dos idosos e dos seropositivos.
“Temos várias situações de grande vulnerabilidade social e de saúde. Preocupa-nos, por exemplo, as pessoas com VIH pela situação de saúde. Nestes casos estamos a ir buscar a medicação a Coimbra e a disponibilizar alguns alimentos”, contou Miguel Xavier, presidente da InPulsar, acrescentando já ter recebido testemunhos de pessoas que continuam a trabalhar com “receio”, uma vez que “não querem comunicar à entidade empregadora que têm VIH”, pelo que reportou este cenário às autoridades nacionais.
Por outro lado, o responsável destaca “o enorme esforço” dos técnicos da InPulsar que desde que esta situação se instalou no nosso País “não viraram as costas” e “continuam a deslocar-se todos os dias para os seus locais de trabalho e a dedicar-se à causa com ainda mais dedicação, colocando o seu conforto e segurança em segundo lugar em prol dos mais vulneráveis”, contou.
Preocupado com o actual cenário pandémico, Miguel Xavier diz que é a população mais carenciada e desfavorecida que acaba por sofrer mais na pele com tudo o que está a acontecer, mas o responsável assegura que ainda “há heróis na cidade”.
“Apesar de tudo o que estamos a viver, tenho recebido inúmeros telefonemas de pessoas a perguntarem se precisamos de alguma coisa e de que forma podem ajudar. Há até quem se disponibilize para ir o terreno, com as devidas precauções, obviamente. Isto mostra que as pessoas querem ajudar neste nosso esforço de reforçar o acompanhamento aos mais desfavorecidos”, sublinhou.
Sem-abrigo com
acompanhamento
reforçado em Leiria
Apesar de todos os esforços, com a disseminação do Covid--19 e das suas implicações a nível global, a InPulsar viu-se obrigada a fazer algumas alterações na sua estrutura, redirecionando prioridades. Foi o que aconteceu com os sem-abrigo que continuam a ser acompanhados, havendo todo um trabalho de prevenção.
“Estamos a garantir os serviços mínimos e indispensáveis através de equipas de rua diurnas; da disponibilização de bens alimentares, medicação e toalhetes de álcool; e da sensibilização para a adopção de medidas preventivas e identificação de situações sem resposta social”, explica a directora técnica da InPulsar, Lisete Cordeiro.
Por outro lado, a responsável garante que a InPulsar está em estreita articulação com outras entidades com intervenção junto desta população, para “identificar situações a descoberto” e por forma a “maximizar os recursos existentes”, garantindo assim “o acesso aos bens essenciais de uma forma segura e sem risco para a saúde”.
Apesar de todo o aconselhamento e esclarecimentos, Lisete Cordeiro admite que os sem-abrigo em Leiria estão “apreensivos” e “receosos” com as possíveis consequências do Covid-19.
