O ditado diz que “depois da tempestade, vem a bonança”, mas quem está por dentro da economia do país não tem dúvidas em afirmar que, depois da pandemia, os tempos serão tudo menos de bonança. Anteontem, o primeiro-ministro António Costa anunciou mais um conjunto de medidas extraordinárias de apoio à economia, com o objectivo de combater os efeitos do novo coronavírus e do estado de emergência em que Portugal vive desde a passada quinta-feira.
«Não são as necessárias, mas são as medidas possíveis neste momento», afirmou, em declarações ao Diário de Coimbra, José Couto, com o presidente do Conselho Empresarial do Centro/Câmara de Comércio e Indústria do Centro (CEC/ CCIC) a defender que os instrumentos apresentados por António Costa «devem estar o mais rápido possível no terreno». «Esta é uma das maiores preocupações», reforçou, antes de aprovar as decisões de proteger a actividade económica e os trabalhadores.
José Couto ficou «agradado com esta reacção rápida do Governo», transmitindo que «dá a real percepção que este é um grande e grave problema para as empresas». Segundo o presidente do CEC/CCIC, é fundamental que «haja eficácia e eficiência, com as medidas a serem colocadas rapidamente no terreno». «Neste momento, há micro e pequenas empresas que estão asfixiadas na tesouraria. É fundamental manter o pagamento de impostos e do rendimento dos colaboradores», realçou.
“Todos vamos
passar dificuldades”
A manutenção dos postos de trabalho é um dos critérios definidos para que as empresas possam aceder à atribuição dos apoios anunciados pelo Governo. «É essencial que as empresas tenham esta situação em linha de conta», sublinhou José Couto, que também afirmou que «ainda não é completamente perceptível qual a dimensão deste conjunto de medidas» anunciadas pelo primeiro-ministro.
Face ao actual cenário, o presidente do CEC/CCIC assumiu que as consequências do novo coronavírus na economia mundial vão ter «um efeito muito superior a 2008/2009, quando aconteceu a crise financeira». «Todos vamos passar dificuldades. É fundamental proteger as famílias que têm mais dificuldades», acrescentou, defendendo que «o grande desafio que se coloca é ter a possibilidade de dizer que fizemos as coisas no tempo certo».
Questionado sobre o papel que a banca pode vir a desempenhar no processo que se avizinha, José Couto assumiu que será «fundamental». Na visão do presidente do CEC/CCIC, «tem de ser o canal de distribuição e vai ter de estar mais perto das empresas», de forma a, destacou, «permitir a manutenção do emprego».
“É importante que os
apoios sejam globais”
Também contactado pelo Diário de Coimbra, Horácio Pina Prata considerou que as recentes medidas anunciadas por António Costa «são as possíveis neste momento», mas logo defendeu a necessidade de «um reforço claro das medidas». O presidente da NERC - Associação Empresarial da Região de Coimbra lembrou que, com o segundo plano apresentado para a economia, «as medidas foram alargadas». «Por exemplo, foi revista a posição que tinha a ver com o comércio», assinalou.
Segundo Pina Prata, «é importante que os apoios sejam em termos globais», mas, de pronto, elogiou o facto de o Governo estar «a acompanhar o processo e a fazer o que pode». «Vão ter de ser implantadas mais medidas, nomeadamente para sectores como o turismo, o comércio e os serviços, mas também para o imobiliário, a construção e a agricultura», especificou, antes de reafirmar a defesa de «um plano global».
«Manter a economia saudável» é o ponto de partida, segundo o presidente da NERC, para que «o dia a seguir a esta pandemia possa ser de afirmação das empresas e do emprego». «Temos todos de juntar esforços», defendeu Pina Prata, que, de seguida, se dirigiu à Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra. «É importante que, na abrangência da CIM, as autarquias tenham atenção, além das pessoas, às pequenas empresas. As autarquias devem dar um sinal claro. Toda a ajuda é fundamental para as empresas locais», concluiu.|
