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Leiriense diz estar a ser discriminado por ter estado de férias em Itália


texto: José Roque Quinta, 19 de Março de 2020

COVID-19 Pedro Menino diz estar a sofrer de discriminação por ter viajado recentemente para Itália, lamentando que tanto familiares como colegas de trabalho tenham olhado para ele com desconfiança. Ao mesmo tempo, condena o excesso de alarmismo na sequência de ter sido ‘forçado’ a fazer quarentena.
O jovem comercial numa empresa de material eléctrico, em Leiria, viajou para Itália no dia 25 de Fevereiro, tendo em conta que já tinha as férias marcadas para essa data. Apesar de naquele país europeu a pandemia Covid-19 já apresentar números assustadores àquela data, a verdade é que Pedo Menino diz ter tomado todas as precauções em todos os locais onde esteve, porque, depois de dia e meio em Itália, viajou para a Suíça onde esteve com a família, passou novamente por Itália (Milão) e regressou a Portugal no dia 3 de Março.
“Tomei sempre todas as precauções. Tinha máscaras e álcool gel comigo, lavei sempre as mãos e mantive sempre a distância de segurança”, disse Pedro Menino.
O problema foi quando regressou a Portugal, em que até familiares seus mostraram mui­ta desconfiança e precaução. Mas mais impactante ainda foi a reacção no local de trabalho. “Toda a gente me evitava e quando falavam comigo era sempre para falar do mes­mo, da minha viagem a Itália. Houve até telefonemas para o meu patrão a dizer que era melhor eu ir para a casa, que era perigoso estar ali. Houve uma clara descriminação”, explicou Pedro Menino.
O também árbitro de futebol esclareceu ainda que quando chegou a Portugal contactou a linha SNS 24 e que lhe foi dito que, tendo em conta que não apresentava quaisquer sintomas, podia retomar a sua vida normalmente, “inclusive ir trabalhar”.
“Houve colegas que me pediram que trouxesse chocolates da Suíça, mas quando lhos dei tiveram nojo e acabaram no lixo. Magoou-me muito não só porque gastei dinheiro na compra dos chocolates, mas principalmente pela forma como estava a ser tratado. Depois o patrão mandou-me para casa e nunca mais me disseram nada. Expulsaram-me do trabalho e cumpri os 14 dias de quarentena forçada, mas ainda nem sei o que vou receber, porque sem sintomas não tinha direito a baixa”, contou Pedro Menino.
O jovem leiriense diz ainda compreender a preocupação das pessoas por ter viajado para o epicentro da pandemia na Europa, mas só quer ser “respeitado”, independentemente “do medo ou da incerteza”.

Italianos “desvalorizaram” o coronavírus
Da sua breve passagem por Itália, Pedro Menino reporta que os italianos deram pouca importância ao coronavírus, mesmo quando os casos se multiplicavam de dia para dia. “Eles desvalorizam por completo. Diziam que era apenas uma gripe. Nos restaurantes, quando me viam de máscara, metiam-se logo comigo na brincadeira a dizer que não era necessária”, contou, acrescentando que não via ninguém a tomar medidas de prevenção.


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