Jornal defensor da valorização de Aveiro e da Região das Beiras
Fundador: 
Adriano Lucas (1925-2011)
Diretor: 
Adriano Callé Lucas

Declarada em Ovar situação de calamidade pública


Quarta, 18 de Março de 2020

covid-19 O município de Ovar, ontem declarado em situação de calamidade pública, passa hoje a controlar as entradas e saídas no concelho, assim como a circulação de pessoas que estejam na rua sem ser por «necessidade premente».
A decisão de controlo de fronteiras tomada pelo Ministério da Administração Interna, em articulação com o Ministério da Saúde e com a autarquia do distrito de Aveiro, resulta de uma situação de «contaminação comunitária pela Covid-19», dando por confirmados três dezenas de casos de infecção pelo novo coronavírus e uma grande probabilidade de dezenas de outros casos em análise virem a ser diagnosticados como positivos.
A ministra da Saúde, que falava aos jornalistas na presença do ministro da Administração Interna, em Lisboa, disse que há 30 pessoas no concelho de Ovar com Covid-19, o que «indicia uma transmissão comunitária activa e generalizada» da doença, sendo por isso um «quadro compatível» com a declaração de situação de calamidade pública.
Marta Temido referiu que existe em Ovar o «risco de novas cadeias de transmissão», atendendo a que o concelho tem mais de metade dos casos de infecção identificados na região Centro, que totaliza 51.
A ministra adiantou, citando dados da autoridade regional de saúde do Centro, que há 440 contactos sob vigilância no concelho de Ovar, aos quais foi recomendado o isolamento e a manterem-se em contacto com as autoridades locais de saúde.
Marta Temido referiu que os testes de despistagem da Covid--19 serão feitos às pessoas sob vigilância em caso de manifestarem sintomas, como tosse, dificuldade em respirar e febre.

Ovar vive momento
“crítico, histórico e caótico”
O presidente da Câmara de Ovar, Salvador Malheiro, descreve o momento actual como «crítico, histórico e caótico», defendendo que a única maneira de se travar o contágio é «eliminar o contacto social presencial» entre os 55.000 habitantes do concelho. «Temos todos que ficar em casa e encerrar tudo o que pudermos», afirma.
A actividade empresarial no município de Ovar ficará assim restringida aos sectores que comercializam bens de primeira necessidade - venda ou produção de alimentação, medicamentos e combustível, por exemplo - e vai envolver «cercas sanitárias» que permitam às forças de segurança controlar o fluxo de população a entrar e sair do território.
O vice-presidente da autarquia, Domingos Silva, explicou que ainda estão a ser delineadas as operações concretas que permitirão instituir esse controlo, mas admitiu que, tendo o concelho vários pontos viários de acesso ao território, «é provável que algumas estradas sejam cortadas e só outras fiquem a funcionar».
Quanto à circulação ferroviária, «os comboios vão ter de circular sem paragens na zona entre Esmoriz e Válega», isto é, entre as estações nos extremos norte e sul do município.
A circulação individual no território, por sua vez, continuará a poder fazer-se «com as devidas cautelas», até porque não foi implementado o regime de recolher obrigatório» mas a população deve estar preparada para a qualquer momento «poder ser interpelada pelas forças de segurança para explicar o que anda a fazer na rua».
Caso a circulação não se deva a «necessidades prementes», os cidadãos em causa podem ser alvo de contraordenações que implicarão sempre «algumas centenas de euros» em multa.|


Suplementos


Edição de Hoje, Jornal, Jornais, Notícia, Diário de Coimbra, Diário de Aveiro, Diário de Leiria, Diário de Viseu