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Covid-19: “Consciência do mal necessário” foi a ‘arma’ para travar a epidemia em Macau


texto: André Freixo / foto: DR / Legenda: O jornalista Francisco Frederico está em Macau há cinco anos Quarta, 18 de Março de 2020

Macau tem sido apontado como exemplo mundial na ‘batalha’ contra o coronavírus. Chegam-nos relatos do comportamento exemplar dos cidadãos de Macau assim que se registaram os primeiros casos, colocando máscaras que passaram a ser grandes aliadas durante cerca de um mês e meio em que toda a Região Administrativa Regional esteve de quarentena. Resultado? Apenas 11 infectados, sendo que 10 já estão tratados e em casa, um é recente e não existiu qualquer morte.
Francisco Frederico, 46 anos, jornalista em Macau, após ter trabalhado durante mais de oito anos em Coimbra, onde ainda tem casa, viveu de perto a “luta” da população de Macau contra a Covid-19 e explicou de lá a ‘receita’ do sucesso macaense.
“O condicionamento das fronteiras, o ‘stock’ e distribuição de máscaras a preços simbólicos (evitou a especulação), o encerramento de todas as actividades que contribuíssem para ajuntamento social e a coragem para uma medida inédita: o encerramento dos casinos por 15 dias”, foram as medidas apontadas por Francisco Frederico como “fundamentais” para que Macau se tornasse o exemplo que é hoje no combate ao coronavírus.
“As medidas, embora por vezes radicais, foram adequadas e, sobretudo, tomadas sempre por antecipação. Quer do ponto de vista da salvaguarda da saúde pública e contenção do vírus, quer do ponto de vista económico, com várias medidas destinadas a relançar a economia do território, e ajudar os residentes”, afirmou o jornalista, considerando que o governo de Macau “fez um trabalho exemplar, transmitiu tranquilidade à população, mostrando ter sempre a situação sob controlo”, afirmou.
E quais foram as maiores dificuldades da população, em Macau, durante o período de quarentena? O repórter da TDM Canal Macau foi assertivo na resposta: “Todo o constrangimento social, uma vez que quase todas as actividades foram suspensas. Mas com a consciência que se tratava de um mal necessário”.

“Estou preocupado
com amigos e familiares”

Francisco Frederico, que não nasceu em Coimbra (é de Aljustrel) mas considera-se um conimbricense, está preocupado com a situação em Portugal e, naturalmente, com os seus amigos e familiares no nosso País, até porque entende que as medidas tomadas pelo Governo português “pecam por tardias e continuam a ser insuficientes”.
“Estou mais preocupado agora, pelos amigos e familiares aí, do que quando o vírus atingiu Macau. O País não está preparado para lidar com uma pandemia. Os meios e recursos são escassos e mal geridos. Só com muita sorte, ou graças à vantagem da menor densidade populacional, não atingiremos uma situação como a da Itália”, partilhou, preocupado, o jornalista.
Questionado em relação ao facto do modelo de contenção utilizado em Macau, território que já foi português, ser um modelo para o mundo, Francisco Frederico concordou com essa visão: “O ‘modelo chinês’ provou ser absolutamente eficaz. Salvaguardadas as devidas diferenças entre um território de pouco mais de 30 km2 e outros muito maiores, como no caso de Portugal, há ensinamentos que podem ser retirados e que, colocados em prática com a devida antecedência, teriam seguramente minimizado os efeitos da Covid-19”, concluiu.


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