Os blocos de notas estão parados. As tácticas, os posicionamentos, os planos de treino, os momentos de jogo, tudo o que faz parte da análise e da mente do treinador desportivo, seja de modalidades colectivas ou individuais, ficou em suspenso. Mas o adversário, esse, é transversal a todos: o coronavírus.
Do futebol ao rugby, do futsal ao basquetebol, os treinadores dos clubes do distrito unem-se contra a propagação desta pandemia mundial. Alcides Lopes, treinador de futsal do S. João, reforçou que a modalidade está unida nesta “batalha”: «Todos percebemos o que se está a passar e estamos de acordo que suspender todas as actividades foi o melhor a fazer». O treinador da formação de Pé de Cão também é coordenador das camadas jovens do clube e está a efectuar, neste momento, teletrabalho encontrando-se em quarentena, e quando questionado em relação aos planos de treino que deixou para o jogador, indicou que neste momento esse tema não é relevante: «Apenas deixámos recomendações gerais de saúde para os jogadores. Neste momento devem estar com a família e aproveitar para fazer o que não conseguem durante o ano». “Cidinho” realçou, ainda, o facto de todos sermos agentes de saúde pública no momento actual e julga, igualmente, que nesta temporada «será muito difícil continuar e que as competições sejam concluídas pelo menos nos moldes normais».
Pedro Ilharco iniciou a época como treinador do Condeixa e é o actual treinador-adjunto da equipa de sub-23 do Sporting encontrando-se de quarentena em casa: «Este momento tem sido passado em casa em isolamento com a família», partilhou. No “reino dos leões”, os jogadores dispõem de uma aplicação de telemóvel para a qual lhes é enviado o programa e no qual os atletas mostram, a cada dia, os resultados do que fizeram, contou o técnico que foi quatro vezes campeão distrital da Divisão de Honra AFC. «Quero deixar uma mensagem de esperança e de responsabilidade a todos, isto vai passar e, até lá, que encontremos momentos bons fora da nossa rotina normal», salientou.
“Jogadores estrangeiros são a nossa preocupação”
“Triplos” e cestos a balançar é algo que não vai existir nos próximos tempos na vida de Ivo Rego. O treinador de basquetebol da Académica contou que a turma escolar treinou até quinta-feira, altura em que a Câmara Municipal de Coimbra decretou o fecho das instalações desportivas e a Federação Portuguesa de Basquetebol suspendeu as partidas que até então seriam à porta fechada, e esse foi o momento em que caíram na realidade, contou. O técnico de 42 anos referiu que o “plano”, agora, passa por «manter os atletas activos durante o tempo em que estiverem nas suas casas». «Temos mantido contacto virtual constante com os atletas e com principal preocupação com os estrangeiros, neste caso o Malcolm Richardson e o Ryan Ogden a quem não deixaremos faltar nada e que temos sensibilizado para ficarem em Portugal ao invés de regressarem aos EUA», explicou Ivo em relação ao modo como o clube está a tentar ajudar os seus “craques”. «Este é o jogo mais importante de uma geração inteira. Temos de estar muito determinados para esta fase que estamos a atravessar. Mais do que a nossa saúde é o que podemos representar para a saúde dos outros. Teremos de ter consciência para seguir as precauções e perceber que ao protegermo-nos, protegemos que nos rodeia», concluiu o técnico.
João Luís Pinto é o técnico da equipa de rugby da Académica e, na sua actividade profissional, está a fazer teletrabalho, portanto em isolamento. No que ao período de “quarentena desportiva” diz respeito, o timoneiro dos “pretos” afirmou que este é um momento de «adaptação às contingências» e, prosseguiu, «os atletas estão a trabalhar de forma isolada para manterem os níveis físicos até ao regresso da competição». O treinador de 48 anos referiu que envia um plano diário para os atletas em que o foco é o «trabalho de velocidade e resistência», indicou. «Temos de ser pacientes que é a melhor maneira para não propagarmos este vírus. Vamos ultrapassar esta fase todos juntos ficando em casa», partilhou, ainda, João Luís Pinto.