“Não somos descartáveis, mas é o que parece!”, proclamou Miguel Soares, presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vale de Cambra, na sessão solene comemorativa dos 60 anos da corporação. Em causa, a falta de investimento do Governo nos bombeiros portugueses.
O dirigente não só constatou essa realidade, como também sublinhou uma “distribuição desigual de fundos” entre agentes de protecção civil, com prejuízo para as associações humanitárias e seus voluntários. “Não conseguimos perceber as regras do jogo”, enfatizou.
Coube a Jaime Marta Soares, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, e ao presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Aveiro, Nuno Canilho, quantificarem o “puxão de orelhas” a quem manda no país: o orçamento geral do Estado para o corrente ano tem inscritos apenas 28 milhões de euros para as corporações de voluntários.
Jaime Marta Soares até salientou que há duas câmaras municipais que têm previsto um investimento anual nos respectivos bombeiros que – em conjunto – anda nos 70 milhões de euros.
Deixando clara a opinião de que o Governo do PS não se fez representar na efeméride para não ter de o ouvir, lamentou que, do Estado central, a Liga apenas receba palavras: “Diálogo não falta, mas saímos com uma mão cheia de nada”. Também lamentou a vacuidade das conversas com os grupos parlamentares, nos quais – disse – há quem revele desconhecimento completo sobre o que está em causa.