O Ministério da Saúde não foi convidado para a “cerimónia singela” que ontem inaugurou o Centro de Saúde da Murtosa, no âmbito do programa comemorativo dos 93 anos de concelho. Joaquim Baptista, edil local, justificou a ausência: “Não está aqui ninguém da Administração Central porque o presidente da Câmara Municipal da Murtosa não convidou ninguém que a representasse”. E explicou o motivo da drástica decisão: “A história da colaboração das autarquias com a Administração Central tem várias décadas, e nós, na Murtosa, temos bons exemplos disso, como é o caso da parceria que possibilitou a construção da Extensão de Saúde da Torreira ou a Extensão de Saúde do Bunheiro”. O presidente murtosense esperava que a profíqua relação se mantivesse para deslocalizar o Centro de Saúde da Murtosa. “Infelizmente, assim não foi”, lamentou, na sua intervenção de ontem.
A Administração Central “despiu-se de qualquer responsabilidade no que diz respeito a ser parte da solução para este equipamento ser construído”, revelou o autarca. Pior do que isso, a acção da Administração Central, segundo o presidente, “condicionou negativamente, do ponto de vista técnico, funcional e financeiro, a solução final”.
Primeiro, disse o presidente, “estabeleceu cerca de 900 mil euros como valor final da obra, o que nos prejudicou relativamente à comparticipação comunitária, pois este valor transformou-se, em valores de mercado, em mais de 1,3 milhões de euros de investimento”. O município quis ser muito mais ambicioso, “mas a Administração Central condicionou o programa funcional que, hoje, já se revela insuficiente”, criticando a “acção da Administração Central, que foi o problema e nunca a solução”.
Assim, “por uma questão de coerência, não fazia sentido convidar a Administração Central para vir à inauguração de um edifício pago com o sacrifício dos murtoseiros e da União Europeia”, acrescentou, “sem papas na língua”.