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Repórteres Sem Fronteiras pede libertação urgente de quatro jornalistas no Burundi


Quinta, 24 de Outubro de 2019

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) exigiu hoje a libertação de quatro jornalistas detidos há dois dias pela polícia do Burundi, quando faziam a cobertura de uma incursão contra rebeldes vindos da República Democrática do Congo.

Os jornalistas trabalhavam para o Iwacu, uma das últimas publicações independentes do Burundi e foram detidos na província de Bubanza (Oeste).

Pelo menos 14 rebeldes do grupo RED-Tabara, que tem a sua base na República Democrática do Congo (RDCongo), foram mortos durante este ataque, o primeiro desde 2017, segundo a polícia do país.

O Governo do Burundi e vários diplomatas estimam que o grupo rebelde seja liderado por um dos principais opositores ao regime do Presidente Pierre Nkurunziza, Alexis Sinduhije, que rejeita esta acusação.

Segundo os RSF, os quatro jornalistas e o seu motorista foram detidos quando se preparavam para recolher testemunhos de habitantes que fugiam dos combates e levados para o comissariado provincial de Bubanza. "Estes jornalistas limitaram-se a fazer o seu trabalho ao irem verificar no terreno as informações que davam conta de confrontos armados", disse Arnaud Froger, responsável dos RSF para África, apelando às autoridades para que sejam libertados com urgência.

O porta-voz adjunto da polícia, Moïse Nkurunziza, escusou-se a revelar o motivo da detenção, invocando "segredo de justiça", mas os serviços secretos suspeitam que os jornalistas tenham sido avisados antecipadamente do ataque.

A organização Human Rights Watch exigiu igualmente a "libertação imediata" dos jornalistas, num comunicado divulgado na quarta-feira.

Segundo um jornalista burundês, que falou sob anonimato, "o objectivo era impedir a presença dos media nesta zona".

Testemunhos recolhidos pelas agências noticiosas na província de Bubanza, dão conta de uma situação tensa, com a multiplicação de patrulhas das forças de segurança e de detenções de supostos opositores.

Um responsável administrativo local deu conta da morte de um polícia na região "às mãos de um grupo residual de rebeldes".

O Burundi caiu em 2017 para a 160.ª posição na classificação da liberdade de imprensa dos RSF, depois de dois anos antes ter sido considerado um dos raros estados da região dos Grandes Lagos como tendo uma imprensa livre e independente.

O país entrou numa crise política em 2015, desencadeada pela recandidatura do Presidente Pierre Nkurunziza a um terceiro mandato, que conquistou em Julho desse ano.

Estimativas das Nações Unidas e de Organizações Não-Governamentais (ONG) apontam para entre 500 e 2.000 mortos, imputados maioritariamente às forças policiais.


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