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Human Rights Watch condena detenções de activistas na China que apoiam protestos em Hong Kong


Sexta, 04 de Outubro de 2019

A organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) condenou hoje o assédio e a detenção de activistas no interior da China que expressam pacificamente apoio aos protestos pró-democracia em Hong Kong. Em comunicado, a organização denunciou a repressão do activismo e a censura na China continental, onde foi lançada "uma campanha de desinformação que enquadra os protestos em Hong Kong como um movimento separatista violento e extremo". "As autoridades do continente temem que os protestos em Hong Kong possam inspirar desafios ao Governo, levando Pequim a suprimir quaisquer sinais de apoio aos manifestantes", apontou a directora da HRW para a China, Sophie Richardson.

Hong Kong enfrenta, há quatro meses, a mais grave crise política desde a sua entrega à China, em 1997, com acções e manifestações quase diárias exigindo reformas democráticas, como eleições livres, e um inquérito independente à violência policial.

De acordo com a HRW, as autoridades do continente detiveram e perseguiram, desde Junho, dezenas de activistas e internautas que expressaram apoio aos protestos pró-democracia, e alertaram estudantes a não participarem no movimento.

No comunicado, a organização de defesa dos direitos humanos dá conta de pelo menos quatro activistas chineses que ainda estão detidos na sequência do apoio a Hong Kong.

Um dos activistas, Quan Shixin, foi detido a 25 de Julho, por suspeitas de "provocar desacatos" - um crime que na China prevê uma pena até cinco anos de prisão -, tendo sido preso formalmente um mês depois.

Shixin, crítico do regime chinês, já tinha sido detido em setembro de 2018, por dez dias, devido a publicações na rede social Twitter sobre os líderes do Partido Comunista Chinês.

Em todo o país, refere a HRW, a polícia tem perseguido e interrogado vários activistas. Chen Simin, um activista da província de Human, terá recebido telefonemas diários da polícia depois de ter postado fotografias nas redes sociais em que cobria o olho direito, num gesto de solidariedade com uma manifestante que sofreu uma lesão ocular durante um confronto com as autoridades.

Segundo a mesma ONG, as autoridades chinesas dissuadiram também vários estudantes do continente que estudam em Hong Kong de participarem nos protestos. Alguns terão mesmo recebido telefonemas e mensagens da polícia, ordenando que ficassem longe de “protestos ilegais em massa”.

Para a HRW, "o apoio dos 'continentais' à democracia mostra que este é um valor partilhado por pessoas de ambos os lados da fronteira".

Na origem da contestação, que se vive no território desde o início de Junho, está uma polémica proposta de emendas à lei da extradição, já retirada formalmente pelo Governo de Hong Kong.

Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.

A transferência da soberania da antiga colónia do Reino Unido para a China, em 1997, decorreu sob o princípio "um país, dois sistemas".

Tal como acontece com Macau, para Hong Kong foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judicial, com o Governo central chinês a ser responsável pelas relações externas e defesa.


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