“Esta é que é a verdadeira festa do Bairro da Beira Mar”. Para começo de conversa, não está nada mal. E não houve ninguém que retorquisse por causa do S. Gonçalinho. Aveirenses e beiramarenses sabem do que se fala e são devotos. Cada um à sua maneira. E cada um com as suas memórias.
“Agora, as Festas de Nossa Senhora das Febres já estão um pouco esquecidas”, considerou Basílio Gomes, mais de sete décadas de vida dedicadas ao bairro, aos marnotos e desde sempre devoto da Santa. “Nasci ao lado da Capela, que agora existe, e que ajudei a construir”, recordou, apesar da memória já o atraiçoar. “Havia as cavacas”, mas referia-se, isso sim, às cavalhadas. “Sim, as bateiras”, juntou.
A tradição perdeu-se nos anos. Iniciada no Século XVI, servia para os marnotos agradecerem a safra do sal. Um punhado era a esmola, o leilão vinha a seguir, e o ganho custeava as celebrações, contou Fernando Marques, presidente da Junta de Freguesia da Glória e Vera Cruz, que acompanhou as festas.