“A minha preocupação foi sempre a salvaguarda da vida das pessoas no mar”

Quando foi convidado para assumir o cargo de comandan­te da Capitania, Carlos Isabel, capitão-de-fragata da clas­se de Marinha, estava longe de adivinhar a dimensão do desafio. Três anos depois, e de partida para o Comando-geral da Polícia Marítima, o responsável considera que os seus principais objectivos foram cumpridos. Conseguiu estreitar laços com as associações ligadas ao mar, câmaras municipais e juntas, e aproximar-se dos pescadores. Carlos Isabel será, agora, substituído por Humberto Sil­va Rocha, actual capitão do Porto da Figueira da Foz, a quem deixa “um espaço de manobra para manter a Capitania próxima do utente”.

Diário de Aveiro: Fale um pou­co do seu percurso profissional. Como chegou até aqui?Carlos Isabel: Entrei na Escola Naval em Outubro de 1987. Depois, quis fazer carreira de oficial de Marinha, embarquei como aspirante para estagiar nos navios, especializei-me como guarda marinho, como jovem oficial, com 27 anos, fiz a minha carreira sempre como operacional em fragatas e também andei na área da especialização da pesca. Entretanto, fui para a área das operações navais, ou seja, sou um oficial de área operacional. Mas chega uma altura da nossa carreira em que somos “obrigados” a ter outras vertentes e acabei por ir para a Escola Naval co­mo docente da área de operações navais e estive lá durante quatro anos. Nesses quatro anos, também fui comandante do Navio-Escola Polar, para for­mar cadetes. É uma área que me dá um grande gozo, por poder estar com as pessoas e comunicar com os alunos. Ensinei a jovens oficiais a parte das manobras, de comandar o navio, de velas, etc., até que surgiu a oportunidade de vir para a Capitania do Porto de Aveiro e claro que aceitei, apesar de, na altura, nem saber bem onde ficava Aveiro. Quer dizer, sabia onde ficava, mas quando fui convidado não tinha uma noção da área da jurisdição, do espaço. Dei-me como voluntário para ir para uma capitania e estava à espe­ra de ir para o Algarve, ou qualquer coisa mais perto da minha área de residência, Alma­da, e vim parar a Aveiro.