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CEDEAO quer criar mecanismo de resgate de bens culturais de países ameaçados


Sexta, 19 de Julho de 2019

Os ministros da Cultura da Comunidade de Países da África Ocidental (CEDEAO) querem criar um mecanismo de resgate de bens culturais ameaçados de um país para outro com vista à sua preservação e posterior restituição.

A proposta consta das recomendações da mais recente reunião de ministros da Cultura da CEDEAO, que decorreu na quinta-feira, em Cotonu, no Benim.

Os ministros "recomendam à comissão da CEDEAO a criação de um mecanismo de resgate de bens culturais em perigo de países ameaçados para outro país, com vista à sua preservação e posterior restituição, quando não for possível garantir um lugar seguro" nesse país.

No mesmo encontro, os ministros validaram um plano de acção regional para o regresso dos bens culturais africanos aos países de origem, documento que define uma "intervenção regional e conjunta" dos países da organização nos domínios da protecção, valorização, quadro jurídico, financiamento e governação.

O plano tem duas partes principais: uma diz respeito aos contextos, à situação e aos desafios do repatriamento de bens culturais para os países de origem e a outra traça os objectivos e o roteiro para a implementação do plano. "Ao assumirem um compromisso político a nível regional, os chefes de Estado e de Governo consideraram útil a tomada de posições comuns ao nível da comunidade para permitir o regresso de bens culturais aos seus países de origem", disse o comissário para Educação, Ciência e Cultura da CEDEAO, o guineense Leopoldo Amado, citado pela comunicação social.

A cimeira de chefes de Estado e de Governo da CEDEAO, em Dezembro de 2018, em Abuja, aprovou uma declaração política sobre a restituição dos bens culturais africanos, defendendo uma abordagem comum dos países da organização sobre este tema.

Vários países como o Benim, Senegal, Costa do Marfim e Burkina Faso, estão já a elaborar as listas de bens a restituir. As autoridades francesas estimam que pelo menos 900 mil peças africanas estejam nos seus museus, tendo decidido fazer um inventário detalhado, enquanto a Alemanha e a Bélgica prometeram analisar o assunto.

Portugal manifestou-se aberto ao diálogo com as ex-colónias sobre a restituição de bens culturais.

Angola admitiu a possibilidade de trabalhar com Portugal no levantamento e possível recuperação dos objectos culturais angolanos que integram o acervo dos museus portugueses, mas, por outro lado, Cabo Verde disse que, por agora, um pedido de devolução "não está em cima da mesa".

O plano de acção da CEDEAO deverá ser oficialmente adoptado na próxima cimeira de chefe de Estado e de Governo da organização, em Dezembro.

A CEDEAO é composta por 15 países, incluindo os lusófonos Cabo Verde e a Guiné-Bissau.


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