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Debate entre candidatos democratas foi momento de socialização para eleitores nos EUA


Sexta, 28 de Junho de 2019

O segundo debate dos candidatos à nomeação do Partido Democrata para as Presidenciais nos Estados Unidos em 2020 foi, para uma parte dos eleitores, um momento de socialização em cafés e bares na quinta-feira à noite. Para muitos eleitores nos Estados Unidos, os debates televisivos são mais um bom motivo para jantar fora, estar com amigos ou conhecer pessoas com opiniões semelhantes.

Na noite de quinta-feira, o segundo andar do bar The Australian, em Nova Iorque, estava totalmente ocupado para o debate, com três televisões de cada lado, a cerca de 30 centímetros umas das outras, com volume alto e legendas ligadas.

Os espectadores estavam sozinhos ou em grupos, sentados nos sofás, no chão ou de pé.

Com petiscos e bebidas nas mesas, alguns grupos falavam e aplaudiam as declarações de que gostavam, outras pessoas estavam com toda a atenção virada para os ecrãs.

Mesmo para quem estava sozinho, era fácil entrar na conversa com desconhecidos, já que o tema principal de conversa estava escolhido.

Foi o caso de Sneha Darbha, de 21 anos, que escolheu ir ao encontro no bar principalmente por não ter televisão por cabo em casa e querer estar a par. “Vão ser umas eleições emocionantes para muitas pessoas e senti que tenho de estar muito mais informada do que antes, para saber exactamente em quem votar”, disse a investigadora em temas de políticas de saúde numa fundação.

Poucos minutos depois do final do debate e quando muitas pessoas estavam a sair da sala, acrescentou: “saio muito esperançada por ter escutado o que as pessoas tinham para dizer e ver que posições têm os candidatos”.

Vincent Saia, de 41 anos, não escondeu à Lusa que decidiu assistir ao debate por ser apoiante convicto de Bernie Sanders. Vincent estava “ansioso para ver como Sanders se ia sair”, já que, acredita, é o pré-candidato que pode trazer a maior e melhor mudança para a América. Actor de profissão, Vincent disse que não confia nos restantes pré-candidatos democratas que irão concorrer pela nomeação do Partido Democrata a nível nacional.

A principal razão que o afasta dos outros políticos, diz Vincent, é saber que os outros aceitam dinheiro vindo de entidades que impõem os seus interesses políticos. “Estou preocupado com os outros candidatas porque recebem dinheiro corporativo e tem havido poucas mudanças no país. A próxima geração não vai estar melhor na vida do que os seus pais, e uma das razões é o dinheiro corporativo”, manifestou. Vincent, actor de profissão, disse que se juntou ao encontro para perceber as ideias de outros eleitores quanto às próximas eleições, pois “é importante estar informado”.

Cem milhões de pessoas não votaram em 2016, recordou Vincent. Os resultados de 2016 demonstram isso: a abstenção situou-se em aproximadamente 42% dos eleitores norte-americanos, o que significa 99,9 milhões de eleitores não votantes.

Para Anna Hadj, de 30 anos, é habitual sair amigas para acompanhar eventos políticos em espaços públicos. “Queríamos ver o debate com pessoas de pensamento semelhante e ter uma noite divertida”, disse Anna à Lusa, acrescentando que foram ao The Australian “para sentir o entusiasmo e energia do público", manifestando-se "interessadas pela política”.

Tibita Kaneene, voluntário na organização responsável pelo encontro de quinta-feira, o Democratic Leadership for the 21st Century (DL21C), disse à Lusa que o objetivo era juntar um grande público e “fazer os democratas ganharem entusiasmo”.

A organização não apoia um só candidato, mas quer aproximar os candidatos democratas aos eleitores e organiza visitas, debates e conversas para o efeito, sendo a prioridade dar oportunidades de ‘networking’ (redes de contactos). Apesar de o encontro ser aberto para quem quiser aparecer, Tibita Kaneene afirmou que são muito poucos os republicanos a aparecer nestes eventos. “Em primeiro lugar estamos em Manhattan, onde apenas 10% dos eleitores votaram Trump em 2016”, explicou Tibita.

Os resultados de 2016, divididos por zonas confirmam: em Manhattan, o coração da cidade de Nova Iorque, Donald Trump teve 9,7% dos votos e Hillary Clinton, candidata democrata, teve 86,6%.


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