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ONU congratula-se com libertação dos dois jornalistas da Reuters em Myanmar


Terça, 07 de Maio de 2019

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos congratulou-se hoje pela libertação dos dois jornalistas da Reuters detidos em Myanmar (antiga Birmânia), mas lamentou que a liberdade de expressão naquele país permaneça excessivamente limitada. Em conferência de imprensa em Genebra, a porta-voz do Alto Comissariado Ravina Shamdasani considerou a libertação dos jornalistas Wa Lone e Kyaw Soe Oo "uma boa notícia". "Evidentemente, em primeiro lugar, eles nunca deveriam ter sido presos ou condenados", realçou Shamdasani.

Os dois jornalistas da Reuters libertados hoje em Myanmar, após serem sentenciados a sete anos de prisão pela investigação sobre o massacre de muçulmanos Rohingya, foram perdoados em nome do "interesse nacional", segundo o Governo local.

Ravina Shamdasani lembrou que em 2018, o gabinete de Direitos Humanos fez recomendações para melhorar a liberdade de expressão em Myanmar lamentando que "nenhum progresso positivo tenha sido observado". "A situação para a liberdade de expressão é catastrófica", acrescentou.

De acordo com o chefe da prisão de Insein, Zaw Zaw, os dois jornalistas foram libertados esta manhã depois de o Presidente de Myanmar, Win Myint, ter perdoado 6.520 presos.

Nas primeiras declarações à imprensa, um dos jornalistas garantiu que vai continuar a exercer a profissão. "Sou jornalista e vou continuar", disse Wa Lone, citado pela AFP.

Por seu lado, a agência Reuters emitiu um comunicado a saudar a decisão das autoridades de Myanmar, destacando a coragem dos dois trabalhadores, "símbolos da importância da liberdade de imprensa".

Os dois jornalistas partilharam com os seus colegas da Reuters, no início de Abril, o Prémio Pulitzer de reportagem internacional, uma das maiores distinções do jornalismo.

No dia 23 de Abril, o Supremo Tribunal de Myanmar tinha rejeitado o último recurso de Wa Lone e Kyaw Soe Oo, confirmando as sentenças de prisão de sete anos, na sequência de reportagens sobre a repressão militar contra a minoria muçulmana rohingya.

O escritório das Nações Unidas em Myanmar também já saudou a libertação dos dois jornalistas. “Estamos satisfeitos que Wa Lone e Kyaw Soe Oo, dois jornalistas da Reuters presos sob a lei de segredos oficiais de 1923, obtiveram hoje um perdão presidencial. Agora, estão livres e podem reunir-se com suas famílias e retomar o seu trabalho vital ", declarou também a porta-voz da comissária da União Europeia dos Negócios Estrangeiros, Federica Mogherini, num comunicado.

Wa Lone e Kyaw Soe Oo foram acusados de se terem apoderado de documentos secretos relativos às operações das forças de segurança no estado de Rakhine, região do noroeste de Myanmar, palco das atrocidades cometidas contra a minoria muçulmana rohingya do país.

Quando foram detidos, em Dezembro de 2017, estavam a investigar o massacre de rohingyas em Inn Din, uma aldeia do norte do estado de Rakhine. Desde então, as forças armadas reconheceram que realmente tinham sido cometidas atrocidades em Setembro de 2017, e sete militares foram condenados a dez anos de prisão.

Ambos os repórteres declararam sempre ter sido enganados, e um dos polícias que testemunhou no julgamento admitiu que o encontro durante o qual os documentos secretos lhes foram entregues foi “uma armadilha” destinada a impedi-los de prosseguir o trabalho.

Desde 2017, mais de 700.000 rohingyas abandonaram a região, fugindo à violência do exército birmanês e de milícias budistas e refugiaram-se em campos improvisados no vizinho Bangladesh, um dos países mais pobres do mundo.


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