Diário de Aveiro: “Putos no Telhado” é a mais recente produção do GrETUA. Que “putos” são estes?
Bruno dos Reis (director artístico do GrETUA): Não sei particularmente bem que putos são estes. Apesar de ter sido um espectáculo “encomendado” pela Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) para integrar as celebrações dos seus 40 anos, não me foram entregues limitações nem direcções ao nível de temática. Achámos por bem ser um espectáculo que aborda, mesmo que não de frente, alguns dos problemas que os jovens (alguns) universitários sentem. Percebemos, apesar de tudo, que não havia muito para contar. A geração actual não enfrenta grandes problemas colectivos. Ou enfrentam talvez os maiores de sempre: alterações climáticas ou extinções em massa, mas são problemas que não conseguem sequer conceptualizar como deles. E se os conceptualizam não os actualizam. Há uma crescente necessidade de identificação com pequenos grupos (que a política identitária sabe aproveitar muito bem), mas julgo que isso cria mais separação do que semelhanças ideológicas. Isso dito, nem é algo muito expressivo em Portugal, menos ainda em Aveiro. Mas não me posso alongar muito.