Uma nova derrota dos partidos que formam o governo alemão, nas eleições que decorrem no domingo, no Estado de Hesse, pode gerar uma “grave crise na coligação”, disse à Lusa Werner D’Inka, do Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ).
Tal como aconteceu na Baviera, as sondagens voltam a mostrar, desta vez no Estado de Hesse, uma acentuada perda de votos dos partidos que formam a coligação, União Democrata Cristã (CDU) e Partido Social Democrata (SPD).
O SPD, partido liderado por Andrea Nahles, pode mesmo chegar aos resultados mais baixos desde o fim da Segunda Guerra Mundial, isto é, 21%, menos praticamente 10% que nas últimas eleições, em 2013. “É possível que o mau resultado do SPD, em Hesse, leve a uma grande crise da coligação em Berlim”, acredita Werner D’Inka.
O jornalista e membro do conselho editorial do Frankfurter Allgemeine Zeitung, explica os motivos: “Há muitos membros do partido que são cépticos em relação à união com a CDU desde o seu início. O resultado catastrófico do SPD na Baviera, e uma nova derrota em Hesse, podem levar a que estes militantes do SPD vinquem a ideia de que o partido não tem hipótese de defender ideias próprias numa grande coligação porque é obrigado, constantemente, a fazer cedências que só prejudicam o próprio partido.”
O jornalista do FAZ recorda que Hesse foi o primeiro Estado alemão a ter, a partir de 2014, um governo de coligação negro-verde (formado pela CDU e pelos Verdes). “Um resultado surpreendente”, sublinha, “porque ambas as partes eram adversárias até então.” “Eles têm funcionado bem no governo, nestes últimos quatro anos, sem conflitos. Os Verdes comprometeram-se com a expansão do aeroporto de Frankfurt, contra a qual lutavam há muito tempo. E a CDU acordou com os Verdes, por exemplo, na aceitação do casamento gay, por exemplo”, salienta Werner D’Inka.
Também no que respeita às políticas de migração “não houve conflitos públicos, porque o primeiro-ministro, Volker Bouffier (CDU) apoiou as posições da chanceler Angela Merkel”, sustenta o jornalista do diário alemão FAZ.
“Nas sondagens, 55% dos cidadãos estão satisfeitos com o trabalho do executivo de Hesse, e o Estado está muito bem economicamente. No entanto, é provável que a CDU e os Verdes percam a maioria que lhes permite governar, porque a subida dos Verdes nas intenções de voto não chega para compensar as perdas da CDU”, detalha D’Inka à Lusa.
Para D’Inka já não há grandes dúvidas em relação à estreia do partido de extrema-direita, Alternativa para a Alemanha (AfD), no parlamento regional de Hesse. “No domingo a AfD alcançará um resultado em torno de 12% no parlamento estadual. O partido, em Hesse, mostrou-se relativamente moderado durante a campanha eleitoral. Beneficia de uma parte da população com um sentimento básico de sobrevivência que se sente ameaçada de diferentes maneiras: pelos migrantes, pelo Islão e pela globalização”, assegura o jornalista.
As eleições em Hesse, um dos 16 Estados federados da Alemanha, estão marcadas para domingo. As urnas abrem às 08:00 (menos uma hora em Portugal continental).