Mora na Lomba do Poço Frio, freguesia do Bom Sucesso e é tratada com todos os “miminhos” pela família, que admira as lutas que travou para dar de comer aos filhos, numa época em que a vida «era uma miséria pegada». Acamada, devido às pernas que já fraquejam e apenas com dificuldades de audição, Maria Fajarda Oliveira (cuja família é conhecida pela alcunha de China), celebra amanhã 104 anos. Olhar vivo, curioso, conta que criou quatro filhos (todos vivos), sempre a viver da agricultura. «Semeava milho, batatas, feijão, tudo à mão, com uma enxada. Naquele tempo era tudo muito pobre», diz, “viajando” ao tempo em que, na localidade «não havia caminhos, não havia nada, era só areia. Agora só não há dinheiro, é uma peluda» - termo que na zona da Gândara significa “vida boa”.
«A vida era ir para as terras, tratar dos filhos, lavar a roupa, era uma pobreza fechada». Agora, a terra «está bonita, não é nada como antigamente», diz, evocando os tempos em que tinha de ir à mata «buscar carradas de agulhas para estrume, para acender o lume, para a “cama” do gado». Tudo transportado à cabeça, com o “coração nas mãos”, com «medo dos guardas», pois na época, era proibido apanhar lenha.
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