“Portugal não é um país muito ‘amigo dos músicos’”

Gerson Batista, um dos compositores mais premiados em Portugal nos últimos dois anos, está a promover formação e composição musical, no centro da cidade de Aveiro. Depois de um ano de estreias e lançamentos, o elemento da banda “The Troublemaker” volta à sua cidade para ensinar e partilhar os seus conhecimentos de música. As disciplinas variam entre a composição livre, análise e técnicas de composição, preparação teórica para o acesso ao Ensino Superior, formação musical, piano, guitarra, bandolim e técnica vocal. As aulas iniciam-se já este mês, estando as inscrições abertas a pessoas de qualquer faixa etária e experiência musical. De acordo com Gerson Batista, existe apenas um critério de selecção dos alunos: “gostar de música”. Diário de Aveiro: Começou por estudar Engenharia Civil e só depois decidiu mudar para Composição Musical. Recorda-se do momento fracturante que o fez decidir mudar o seu percurso académico? Gerson Batista: Julgo que foi tudo um processo gradual em que o meu interesse por escrever música se foi sobrepondo ao de ser engenheiro, contudo, houve alguns momentos decisivos e marcantes que me fizeram mudar de percurso. Lembro-me, por exemplo, de ter abandonado um exame a meio por ter sentido uma vontade incontrolável de escrever uma música; ou de estar a escrever e a ler música durante as aulas de engenharia. Senti que tinha que mudar de rumo e fazer o que realmente gostava de fazer. Iniciou-se no conservatório apenas aos 19 anos. Lamenta essa epifania tardia? Não lamento nada. Aliás, acho que foi a altura ideal para o ter feito, pois tudo aconteceu numa fase em que já tinha alguma maturidade, um gosto desmedido pela música e, por outro lado, ainda não era “velho demais” para começar uma carreira de músico. Tive aulas de formação musical e de órgão quando era mais novinho, o que desbloqueou uma série de funções cerebrais ligadas à música e, quando decidi seguir composição, fiz disso prioridade e trabalhei muito.