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Português 30.º em prova de resistência equestre de 1.000 quilómetros na Mongólia


Quarta, 29 de Agosto de 2018
O cavaleiro Manuel Espregueira Mendes ficou em 30.º lugar no Mongol Derby, prova de resistência equestre de 1.000 quilómetros tida como uma das mais exigentes do planeta, em competição que “valeu mais pela aventura”. “Foi pena não ter podido representar melhor o país em termos competitivos, mas, quando percebi que tinha ficado para trás, decidi aproveitar o evento da melhor forma possível, bem com as experiências”, disse. Em declarações à agência Lusa, o cavaleiro de 29 anos contou que o repto de nove dias – 12 dos 44 participantes à partida não chegaram ao fim – foi “um desafio enorme”, ainda assim “diferente do que estava à espera”. “Fui para competir, mas várias coisas foram acontecendo ao longo do caminho que me impediram de estar tão bem como queria. O melhor esteve ligado mais à aventura e não à corrida propriamente dita”, esclareceu. Uma “tempestade de granizo brutal” logo no primeiro dia separou o grupo e quem, como Manuel Espregueira Mendes, foi condicionado pela mesma, “com cavalos atolados”, perdeu as aspirações aos lugares de destaque da classificação geral. “Cavalgar com trovoadas épicas com raios a caírem ao nosso lado, cavalos a serem sugados em pântanos, fugir de cães selvagens ou acordar a ser farejado por um lobo”, são algumas das experiências do português, que se sentiu “exposto” e percebeu que o “botão de ajuda era um recurso que poderia demorar várias horas até ser concretizado”. Ao todo montou 31 equídeos, dois deles em treino antes do início da aventura: “Apanhei os melhores e os piores da minha vida. Trocávamos a cada 35 quilómetros. Alguns com enorme coração a galopar o tempo inteiro, outros em sofrimento horrível que não passavam do trote e tínhamos de os incentivar”. Escapou às diarreias que temia e não teve quaisquer problemas de saúde – “sentia-me muito bem preparado” –, mantendo sempre “moral elevado, ao contrário de diversos parceiros de desafio, que se vieram abaixo e queixavam-se de tudo, desde os cavalos à organização”. Em Portugal, não conseguiu mais do que duas corridas de 40 quilómetros, além de muito ginásio. “Até ao início da prova, a maior lição que tive foi sobre gestão de motivação. Como manter-me motivado quando às vezes não apetecia treinar. No fim, destaco as vantagens de sair da zona de conforto. De tudo o que esperamos. Tudo o que achava que seria difícil, não foi. E o que dava como garantido ou fácil, foi mais complicado do que esperava”, exemplificou. Aos temerários, o cavaleiro recorda que “o desconhecido não é necessariamente negativo” e que o imprevisto “traz muitas coisas” à vida de cada um. O próximo desafio não terá a ver com equídeos, mas com orangotangos e a tentativa de realização de um documentário no Bornéu.

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